Publicidade

Startups oferecem visibilidade e criam oportunidades para atletas

Na plataforma Atletas Now, o atleta cria seu perfil para atrair clubes; na Dreamstock, ele faz até peneira virtual

PUBLICIDADE

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

O atleta paralímpico Jonny Paiva, segundo lugar no ranking brasileiro de salto em altura, é bastante conhecido no Ceará. Sua próxima meta é o Mundial de Atletismo em Doha, no Catar. Os bons resultados levaram ao apoio da Faculdade Atheneu e de duas academias. Para conseguir visibilidade nacional e atrair mais patrocinadores, o atleta de 27 anos se cadastrou em uma nova plataforma digital chamada Atletas Now, que reúne informações sobre atletas, federações, patrocinadores e profissionais do esporte. Ele publica seu perfil, com vídeos e estatísticas, nessa startup que já ficou conhecida como "Linkedin dos esportes".

Jonny Paiva participa de torneio paralímpico na Paraíba Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro

PUBLICIDADE

No futebol são cada vez mais comuns as peneiras virtuais em que os jovens são pré-selecionados por vídeos enviados pelo celular ou tablet. O volante Gustavo Gama conseguiu assim um lugar na Mauaense para a disputa do Campeonato Paulista sub-20. O tema é amplo. Na sexta-feira, Caio Campos, diretor de Marketing do Corinthians, proferiu palestra em São Paulo sobre transformação digital, relatando as experiências que serão oferecidas para os torcedores a partir de uma parceria com a IBM.

Esses exemplos mostram como novas plataformas digitais estão modificando a relação dos atletas com os clubes e patrocinadores. Antes, eram as seletivas tradicionais. Agora, celulares e tablets encurtam o caminho na busca por uma oportunidade. Tudo isso é de graça. As startups têm um grande mercado a explorar no segmento esportivo. Hoje, existe cerca de 1 milhão de atletas em busca de oportunidade.

Para David de Oliveira Lemes, coordenador do curso de extensão em Marketing Digital e professor de Ciência da Computação da PUC, as plataformas digitais estão crescendo em todas as áreas de negócios. “No passado, os celulares e aparelhos digitais eram usados para entretenimento e comunicação. Agora, eles estão sendo utilizados em todos os modelos de negócios. Eu vejo essas iniciativas como uma evolução da transformação digital”, diz. “Oferecer o currículo dos atletas para os clubes está encurtando o caminho para chegar a informação por meio de uma plataforma digital, sem depender de um intermediador, por exemplo”, analisa.

Algumas startups nasceram da experiência de ex-atletas. José Pedro Mello, CEO da Atletas Now, foi atleta do basquete universitário nos Estados Unidos. “Vivi duas realidades diferentes esportivas, no Brasil e nos Estados Unidos”, conta o jovem de 20 anos. “Um atleta no interior do Brasil não tem acesso aos grandes meios esportivos. Milhões de outros acabam tendo o talento desperdiçado. A ideia da startup foi unir atletas, federações, profissionais do esporte para gerar oportunidades para todos”, diz José Pedro, que reúne mais de três mil atletas em 70 modalidades diferentes.

O empreendedorJoséPedro Mello é idealizador da startup Atletas Now, plataforma digital para criar oportunidades para atletas Foto: JF Diorio/Estadão

“É uma plataforma digital em que toda a usabilidade se baseia em uma rede social. Comparando-se com o conceito de uma rede social como o Linkedin, um atleta consegue criar um perfil, preencher dados pessoais, acadêmicos, estatísticas, vídeos e interagir com esse ecossistema. Ele consegue divulgar seu talento e provavelmente ser recrutado para algum time”, explica o ex-atleta.

Os próximos passos são firmar uma parceria com uma confederação, estimular a entrada de profissionais do esporte, como nutricionistas, fisioterapeutas e médicos, e atingir a marca de 10 mil atletas até o final do ano. “É uma meta conservadora”, revela José Pedro Mello.

Publicidade

Uma das novas atletas que se inscreveram na plataforma é Paloma Silva, que é atleta do badminton. “Como a modalidade que eu pratico não é muito divulgada, acredito que a plataforma ajude a expandir o esporte, mas também nossos resultados como atleta”, diz Paloma que está retomando a carreira depois de uma séria lesão e tem como principal objetivo estar entre as melhores do Brasil na categoria adulta.

A startup também favorece os clubes. O Ribeirão Pires, clube que revelou Willian, do Chelsea e da seleção brasileira, quer dar visibilidade aos seus atletas e profissionais. “Com a presença na plataforma, nós vamos destacar nossa vocação para a formação de grandes atletas, como foi o caso do Willian”, diz o presidente Edvado do Santos.

Paloma Silva fez seu perfil digital para conseguir mais apoio para sua carreira e também para o badminton Foto: Arquivo pessoal

Peneira on line

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

O volante Gustavo Gama conseguiu uma vaga na equipe sub-20 do Grêmio Mauaense, que disputa a Segunda Divisão de São Paulo, só com o celular. Ele baixou um aplicativo que permite publicar um vídeo com os melhores momentos de sua carreira. Foi chamado para uma sequência de testes e ganhou uma vaga. Aos 18 anos, ele vai disputar o Campeonato Paulista da categoria.

Esse aplicativo é da plataforma japonesa Dreamstock, que chegou ao Brasil no ano passado. Além de clubes do interior de São Paulo, América-MG e Coritiba estão entre os parceiros que analisam os vídeos, selecionados previamente por olheiros virtuais da empresa. Ao todo, 26 clubes analisam os vídeos hoje. Do Japão, o CEO Marcelo Matsunaga diz que a ferramenta permite que os atletas participem de seletivas no mundo inteiro e facilita o garimpo dos clubes. Hoje, são 60 mil atletas inscritos no País. Em 2019, três atletas já foram contratados por clubes de futebol.

O volante Gustavo Gama conseguiu ser aprovado na Mauaense depois de enviar um vídeo pelo aplicativo do celular Foto: Felipe Rau/Estadão

“A ideia da plataforma surgiu da minha breve experiência como jogador, pensando na dificuldade que muitos garotos têm para descobrir onde e quando são realizadas as avaliações”, conta o empreendedor nipo-brasileiro.

A receita da empresa vêm dos anúncios publicitários dentro do app e da negociação dos atletas – a startup tem licença para atuar como agente na negociação de atletas. Além de informatizar o processo de seleção, a empresa oferece transporte para o local dos testes. A empresa tem a meta de conquistar 30% das transações de jogadores no mercado brasileiro. Para 2019, a meta é atingir um milhão de usuários e profissionalizar de 20 a 30 jogadores. “Temos usuários do aplicativo em 56 países, mas o crescimento principal está sendo no Brasil”, conta Marcelo.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.