STJD afasta Armando Marques da CBF

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um escândalo abalou as estruturas do futebol brasileiro hoje, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Centro do Rio: o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Armando Marques, foi afastado do cargo por suspeita de corrupção e prevaricação. O juiz da tumultuada partida entre Figueirense e Caxias do Sul, na decisão do Campeonato Brasileiro da série- B de 2001, no dia 22 de dezembro, Alfredo dos Santos Loebeling, entregou uma carta ao presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luis Zveiter, onde acusou Marques de tê-lo coagido a favorecer o Figueirense, na hora da elaboração da súmula. Loebeling confessou a Zveiter que a torcida do Figueirense invadiu o campo aos 43 minutos do segundo tempo, quando a equipe catarinense vencia o Caxias por 1 a 0. O resultado da partida deixou os gaúchos de fora da elite do futebol Brasileiro. Segundo o juiz, Marques telefonou para ele e o induziu a escrever na súmula que o confronto já havia terminado, quando o incidente aconteceu. "Foi um ato gravíssimo. Estou instaurando um inquérito e, preventivamente, estão todos estão suspensos por 30 dias ou até o término das investigações", disse Zveiter. Além de Marques, Loebeling e seus auxiliares na partida, Nelson de Souza Monção e Marcelino Tomaz de Brito, os dois juízes reservas também estão impedidos de trabalhar no futebol. "Os bandeirinhas e juízes reservas também possuem conivência com a elaboração da súmula. Eles precisam ler o documento antes de entregarem. As assinaturas deles estão lá." Se forem considerados culpados, todos os envolvidos poderão ser suspensos por um ano ou até ser eliminados do futebol. Marques saiu da sede da CBF muito irritado e não quis dar qualquer tipo de declaração. Loebeling também não quis falar ao sair da entidade mas, segundo Zveiter, sua atitude foi motivada pelo "peso na consciência". As desconfianças sobre a conduta de Loebeling começaram quando o conteúdo de sua súmula foi conhecida. No término da partida, ele havia declarado a jornais e TVs que ainda faltavam 1min30s para o encerramento do confronto, contrariando o que escreveu no documento oficial. "Julgamento, jogo, recursos, está tudo suspenso até que as investigações estejam concluídas", explicou Zveiter. "Vamos agir com calma, mas seremos rigorosos nas punições, se alguém for considerado culpado." Além de problemas na Justiça Desportiva, os envolvidos poderão ser processados na Justiça Comum. Afinal, se ficar comprovado, fraudaram o resultado de uma competição, ludibriaram pessoas e agiram de má fé. Agora, tanto Caxias como Figueirense terão de esperar o resultado do inquérito para poderem pleitear seus direitos na Justiça. Prudente, Zveiter explicou que até a realização de uma nova partida poderá ser marcada. No entanto, o clube gaúcho também pode ganhar os pontos da partida, se ficar comprovada que foi encerrada antes do tempo regulamentar, por falta de segurança, como consta no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF), art. nº 269.

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