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Suíça repassa aos EUA extratos de contas de Ricardo Teixeira

Procuradoria também bloqueou US$ 80 milhões de dirigentes

Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

A Procuradoria Geral da Suíça repassou às autoridades americanas detalhes sobre contas bancárias controladas por Ricardo Teixeira, o ex-presidente da CBF. No total, os suíços anunciaram que enviaram dados sobre 50 contas em dez diferentes bancos. Berna ainda bloqueou US$ 80 milhões (cerca de R$ 317 milhões) em 13 contas pertencentes a diversos cartolas a pedido dos EUA. O valor do dinheiro bloqueado em nome do brasileiro não foi revelado. A iniciativa faz parte da cooperação entre Berna e Nova York na operação sobre a corrupção na Fifa. Parte das contas envolvia ainda Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol. No início de dezembro, o Estado revelou com exclusividade que o FBI suspeitava de contas na Suíça e que tinham como beneficiário o ex-dirigente brasileiro, indiciado nos EUA por propinas relativas aos acordos entre a CBF e a Nike, além de dinheiro pago por conta da Copa do Brasil. 

Del Nero, e ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira,são indiciados por corrupção nos EUA Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Segundo documentos obtidos pelo Estado, o FBI identificou contas controladas por Teixeira em pelo menos três bancos: o UBS, o Banca del Gottardo e o BSI, comprado neste ano pelo banco brasileiro BTG Pactual. Em apenas duas dessas contas, um total de US$ 800 mil foram transferidos de contas nos EUA para a Suíça, envolvendo a Somerton, empresa controlada pelo também brasileiro José Margulies. Ele é suspeito de agir como "testa de ferro" para o empresário José Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial. A empresa de fachada de Hawilla, portanto, também teria abastecido as contas suíças de Teixeira. A suspeita do FBI é de que Teixeira usaria um nome de fachada para não ter sua identidade revelada. Mas aparecia como beneficiário das contas. O "laranja" seria Willy Kraus, dono da  Kraus Corretora de Câmbio, localizada no centro do Rio de Janeiro. Numa das transações suspeitas, o FBI registrou como a empresa Blue Marina, com contas nos EUA, pediu para transferir seus ativos para a Suíça. No dia 25 de setembro de 2008, a conta em território americano foi fechada e o dinheiro enviado a uma conta de Kraus, na Banca del Gottardo. O valor transferido era de US$ 478,2 mil. Outro nome registrado pelos americanos era a da socidade Summerton, usada também pelo dirigente. Para o FBI, Teixeira mantinha o "efetivo controle" sobre essas contas.