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Superstição domina a vida de Lopes

Por Agencia Estado
Atualização:

Antônio Lopes assume: a superstição domina sua vida. Aos 64 anos, tem de pensar duas vezes na hora de escolher a roupa. A tendência, principalmente nos dias de jogos, é pedir para a esposa Elza, conhecida no meio futebolístico como sua mentora, que lhe alcance a velha camisa verde de linho. Mas como quer sobreviver muito tempo no Corinthians, resolveu trocá-la prudentemente por uma preta. Mas mudará para branca se o time começar a perder. ?Sou mesmo muito supersticioso. Sinto que cores me favorecem. Assim como a proteção de Jesus Cristo, que eu tenho em várias correntes de ouro. Sou católico. Estou aceitando uma corrente com São Jorge para colocar junto com as correntes que eu já tenho. Desde que seja de ouro, lógico?. A origem sobre a famosa camisa verde nasceu quando chegou ao Vasco. ?O time não estava ganhando de jeito nenhum. Assim que assumi, fui para o campo com uma camisa de linho verde. Ganhamos! Resolvi ir novamente com ela. E veio outra vitória. Sei que não tinha nada a ver, mas achei que dava sorte. Coloquei isso na minha cabeça e passei a ir em todas as partidas com um camisa verde de linho. O resultado foi a conquista do Brasileirão de 97. Decidimos contra o Palmeiras, que tinha um timaço. Quem pode dizer que a sorte não me ajudou?? Ao contrário da nova geração de treinadores, que faz o possível para esconder seus hábitos ? Márcio Bittencourt, por exemplo, fumava o mais longe que podia dos jornalistas ?, com Antônio Lopes é diferente. Ele sabe que as câmeras de tevê, por exemplo, estão sempre mirando sua imagem quando o time que está dirigindo faz um gol. Imediatamente, no reflexo, beija as imagens de Jesus Cristo que estão penduradas em suas correntes. ?Tenho a minha fé. Agradeço a Deus por tudo o que Ele me dá. Sou cristão e acredito que sou uma pessoa privilegiada. Por isso agradeço mesmo. Não vejo nada de mal nisso?, cansa de repetir ao ser indagado do motivo de tantos beijos nas medalhas. Outro aspecto que já virou folclórico em Lopes é a participação de sua esposa Elza nos ?esquemas táticos? dos times em que trabalha. ?Eu entendo mesmo de futebol. Recorto tudo o que sai sobre o Toninho (apelido carinhoso com que chama o marido). Conversamos a respeito de tudo. É inevitável que a gente fale sobre futebol, sobre esquemas. Dou meus palpites, lógico. Mas quem escala é ele?, brincou a esposa, em entrevista ao jornal carioca O Dia, quando Toninho treinava o Vasco. Para agradar seu treinador predileto, Eurico Miranda chegou a ampliar o altar dos vestiários de São Januário para que Antônio Lopes pudesse rezar. O altar era a solução quando Lopes não conseguia ir à missa aos domingos. Os princípios de vida, Lopes diz dever ao pai. ?Sou filho de português. Minha educação foi rígida demais. Eu não podia entrar em casa depois das dez da noite. Não havia desculpa. Se bobeasse ficava para fora de casa. Quando completei 18 anos, recebi a chave da casa, mas com a recomendação de que não poderia abusar. Foi ele quem me ensinou também a economizar, a pensar no futuro, a ter objetivos. Agradeço demais aos princípios que ele me passou. Graças a eles eu consegui me tornar o homem vitorioso que sou?. Usando de psicologia, Lopes conseguiu não apenas se tornar delegado de polícia, como também domar dois mitos do futebol: Edmundo e Romário. ?Os dois são jogadores sensacionais. E só precisam de conversas sinceras, de jogo limpo. Consegui que os dois rendessem o máximo, vivessem o ápice de suas carreiras comigo. Não foi por acaso. O nosso relacionamento foi aberto, franco. É assim que eu trato os meus jogadores. Exijo respeito e dedicação. Quem não quiser colaborar eu percebo logo. E não viram meus amigos mesmo. Eu não quero ser amigo de quem não merece?, afirma. Lopes já decidiu que seu guarda-roupa em São Paulo será repleto de camisas pretas e brancas. As verdes deverão ficar no Rio de Janeiro. Ele sabe que não pode usar nem um lenço com a cor do maior rival, o Palmeiras. Quanto mais a amada camisa de linho verde.

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