
16 de abril de 2016 | 17h00
A uma semana do início da pré-temporada o Leicester não tinha técnico e tampouco explicações sobre a demissão de Nigel Pearson. As seis temporadas dele no clube e a simpatia da torcida não o ajudaram a contornar o abalo causado por um escândalo sexual protagonizado pelo filho, o zagueiro James Pearson, que também foi dispensado.
O jogador e outros dois companheiros de clube estavam em uma viagem de férias pela Tailândia, país dos donos do Leicester, onde o trio gravou um vídeo de sexo com garotas locais, em que falavam insultos contra asiáticos. O caso rendeu a saída de todos os envolvidos.
Somente no mês seguinte a diretoria anunciou a demissão do pai de James. Em um comunicado em que disse existir “diferenças fundamentais de perspectivas” e que “a convivência profissional não era mais viável” o Leicester demitiu o técnico, que estava na segunda passagem pelo clube. Nunca houve mais esclarecimentos sobre os motivos da troca.
Pouco mais de um mês antes de sair, Pearson havia tirado o time da zona de rebaixamento e garantido a permanência na Premier League. O técnico é um dos mais importantes da história do Leicester, ao ter dirigido o time na maior crise da história, quando chegou à terceira divisão. Foi o comandante quem liderou a retomada do clube, com os títulos nacionais tanto da terceira, como na segunda divisão. Ainda assim, o currículo não foi suficiente.
A escolha para sucessor recaiu para o improvável Claudio Ranieri. O italiano é experiente, tem 64 anos, mas vinha do pior trabalho da longa carreira, ao ser demitido da seleção grega como o culpado de um dos maiores vexames da história do futebol do país.
A passagem de quatro meses terminou com a derrota em casa da Grécia por 1 a 0 para a Ilhas Faroe, território que pertence à
Dinamarca, tem menos de 50 mil habitantes e não é reconhecido como país pela ONU. O resultado fez a seleção grega praticamente não ter mais chances para a Eurocopa deste ano. Ranieri vem de trabalhos de pouca expressão nos últimos anos. O título mais recente foi a segunda divisão da França com o Monaco em 2013. No futebol inglês havia trabalhado com o Chelsea entre 2000 e 2004.
O italiano assumiu o cargo para um contrato de três temporadas, com várias decisões inusitadas. Logo antes da estreia, contra o Sunderland, colocou uma música da banda local Kasabian para inspirar o elenco.
Em outubro, prometeu e cumpriu uma promessa italiana. Quando os jogadores terminaram o primeiro o jogo da temporada sem tomar gols, na vitória por 1 a 0 sobre o Crystal Palace, o técnico levou o elenco a uma pizzaria em Leicester. Era um prêmio pela atuação invicta da defesa. Ranieri quem pagou toda a conta do jantar.
O contrato dele tem uma cláusula curiosa. Como a expectativa era apenas se livrar do rebaixamento, o técnico vai ganhar o equivalente a R$ 500 mil para cada posição que o time terminar acima do rebaixamento. Se terminar como campeão, o prêmio será de R$ 8,5 milhões.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.