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Telê recebe título de Cidadão Paulistano

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Por Agencia Estado
Atualização:

Telê Santana da Silva voltou nesta sexta-feira ao Morumbi, depois de sete anos. Não entrou no estádio para dirigir o time. Não gritou com jogadores. Quieto, falando muito pouco - a isquemia cerebral de 1996, que interrompeu sua vitoriosa carreira, o atrapalha muito - dirigiu-se ao Salão Nobre do Clube, onde tornou-se o mais novo cidadão paulistano. A chegada de Telê misturou emoção e lágrimas. Caminhando lentamente, ajudado pela mulher, Ivonete, e o filho Renê, e acompanhado pelos netos Camila e Diogo, foi recebido pelo presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa. A idéia era caminhar até o Memorial, onde Telê descerraria uma placa com o nome dos técnicos campeões no clube. Poucos passos dados, Telê viu Roberto Rojas. Parou e foi em direção ao técnico do São Paulo, que o abraçou demoradamente. "Parabéns Rojas, você está trabalhando bem", disse Telê. Rojas não falou nada. Não conseguiu. Depois, foi suscinto. "Devo a ele a minha volta ao futebol. Eu estava no Chile em 93 e ele pediu a minha volta, me deu uma oportunidade. E eu nunca havia trabalhado com ele...." Muitos choravam, mas ninguém como Kalef João Francisco, diretor de futebol no período de Telê como técnico do São Paulo. ?Essa homenagem estava demorando muito", dizia entre lágrimas. Outras não virão. A diretoria não pretende aceitar a idéia de parte da torcida que pede a construção de um busto ao técnico. A homenagem foi uma a iniciativa do vereador Gilberto Natalini, do PSDB. Vascaíno, ele explicou a proposição. "Ele está acima de toda paixão clubística. É um homem que congrega todas as torcidas. Para mim, Telê é um brasileiro sem fronteiras, um homem que nasceu em Minas e que pertence ao Brasil. Muito obrigado por comparecer a essa homenagem, Telê, e que o Fio de Esperança se renove sempre." Telê mostrava-se animado, apesar das dificuldades físicas. Cantou o Hino Nacional e também o hino do São Paulo. Depois, com ar ausente, ouviu as palavras do presidente Marcelo Portugal Gouvêa. "O São Paulo tem marcos que ficarão na sua história para sempre. É bicampeão mundial de clubes e essa conquista é resumida pelo nome de Telê Santana. Ele ficará eternamente nos pedestais das glórias do São Paulo. Foi nosso grande comandante no bimundial, um título que nunca será esquecido." O deputado federal Walter Feldman comparou Telê a Ellis Regina. "Ela era o metro da música popular brasileira. Para se falar das qualidades de outras cantoras, lembrava-se sempre de Ellis Regina. O Telê é assim. Ele é a referência do futebol brasileiro, com sua inteligência. O Brasil agradece a você, Telê." Poucos jogadores compareceram à homenagem. Dinho, que participou da conquista do Mundial de 92, analisou a conquista. "Depois de Telê, o São Paulo passou a ser mais respeitado. No mundo inteiro". Além dele, estavam os ex-zagueiros Ivan e Estevam e o técnico Marinho Perez. E dois grandes amigos de Telê, Valdir Joaquim de Moraes e o empresário Todé. Para compensar as ausências, foi passado um vídeo com depoimentos de Ronaldão ("cheguei à Seleção por causa dele"), Zetti ("aprendi muito com ele em cinco anos juntos"), Careca ("ele me levou ao Mundial de 82"), Pintado ("eu vim do Interior e ele me recebeu de braços abertos"). Telê, de olhos na tela, ouve a sua própria voz, após a conquista do Mundial de 92. "Esses jogadores merecem tudo. São disciplinados, são amigos e têm muita união." E o vídeo termina com um Pintado chorando a mais não poder. Como a maioria das pessoas que via Telê tornar-se cidadão paulistano.

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