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'Telefonemas mostram que não teve interferência', diz presidente da FPF

Dirigente contesta reclamação do Palmeiras e diz que investigação interna não achou irregularidades na final do Paulista

Foto do author Raphael Ramos
Por Raphael Ramos
Atualização:

Investigação comandada pela delegada Margarete Barreto, corregedora da Federação Paulista de Futebol (FPF) e integrante do Departamento de Inteligência da Policia Civil, apontou que não houve interferência externa na decisão do árbitro Marcelo Aparecido de Souza de anular o pênalti de Ralf em Dudu na final do Campeonato Paulista. A delegada analisou ligações telefônicas e mensagens dos celulares pertencentes à federação que estavam em poder da equipe de arbitragem que atuou na decisão do Paulista e chegou à conclusão que ninguém recebeu informação externa sobre a marcação do pênalti. 

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Em entrevista ao Estado, o presidente da federação, Reinaldo Carneiro Bastos, também rebateu o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, e disse que ninguém briga tanto por um "Paulistinha".

Presidente da FPF rebate Palmeiras e afirma que final do Estadual não teve interferência externa Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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A arbitragem da decisão do Campeonato Paulista sofreu interferência externa?

Não teve e não há interferência externa na arbitragem em São Paulo. Se houvesse qualquer indício de interferência, eu seria o primeiro a denunciar e correr para resolver o problema. Cumprimos o regulamento e somos rigorosos. A Justiça foi feita. O campeonato seria decidido por um pênalti inexistente. Aí sim estaria manchado. 

Por qual motivo o árbitro demorou tanto para anular o pênalti?

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Demorar 7min50s para fazer a bola voltar a rodar é inadmissível porque o árbitro já tinha tomado a decisão 2min50s depois do lance. O que aconteceu foi um erro de procedimento. Quando o árbitro decidiu, os jogadores do Corinthians pararam de reclamar, mas aí os jogadores do Palmeiras começaram a reclamar. Faltou uma atitude mais forte na área disciplinar para que o problema fosse sanado mais rapidamente.

Como o senhor avalia as provas apresentadas pelo Palmeiras de que a arbitragem sofreu interferência externa? 

Solicitamos uma sindicância interna feita pela delegada Margarete Barreto e ela levantou com as operadoras, minuto a minuto, os telefonemas e as mensagens de WhatsApp de todos que estavam envolvidos com a comissão de arbitragem e os árbitros. Ela fez um trabalho rigoroso e não foi detectada nenhuma interferência. 

Presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Mas imagens divulgadas pelo Palmeiras mostram uma pessoa com um celular na mão.

A única pessoa que se encontrava com celular era o Márcio Verri Brandão, designado para que a federação tivesse uma atuação mais rigorosa naquela área comum aos dois clubes. Quando um helicóptero ficou em cima do estádio com dizeres do Corinthians, a segurança do Palmeiras pediu e o Márcio, sendo oficial da reserva da Aeronáutica, contactou o comando da FAB (Força Aérea Brasileira) para que o helicóptero fosse retirado. Então, ele saiu daquela área porque o sinal do celular é mais forte fora do túnel. Ele recebeu a mensagem e o helicóptero foi obrigado a se retirar. O Márcio estava com celular na mão e não no ouvido. No dia seguinte, inclusive, o Palmeiras agradeceu no WhatsApp dele a pronta intervenção.

Como você viu a declaração do presidente do Palmeiras, que chamou o Estadual de Paulistinha?

Não foi um Paulistinha. Foi um Paulistão. O Palmeiras foi líder de arrecadação e público do campeonato. Ninguém luta tanto por um Paulistinha. O Paulista é o Estadual mais tradicional do País, por isso toda essa polêmica e discussão. O presidente é o torcedor número 1 do Palmeiras. Ele sofre uma pressão enorme por títulos, tem investimento e um parceiro forte no futebol, além de eleição em novembro. Aquela atitude não racional, depois do jogo, é até compreensível, mas continuar, insistir, é um exagero.

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Como está a relação do Palmeiras com a FPF?

A relação entre as entidades uma hora vai se revolver porque Palmeiras e federação precisam viver em harmonia. O Palmeiras é importante, assim como os outros 15 clubes que participam do campeonato. Fico triste pela relação de amizade que tinha com o Maurício. A gente conversava muito e sinto falta disso. Sinto falta também dos profissionais e executivos do Palmeiras, que eram muito atuantes na federação, estavam sempre presentes. Quem quer melhorar o futebol de verdade participa. De fora é muito difícil querer mudar. Espero que o presidente do Palmeiras faça uma reflexão sobre isso.

Onde estão o troféu e as medalhas de vice-campeão?

Está tudo guardado aqui no almoxarifado da federação. Se um dia o Palmeiras fizer um ofício, pode vir buscar aqui ou vamos lá entregar.

Troca de mensagens pelo WhatsApp mostra que, no horário do jogo, Márcio Verri Brandão falava sobre helicóptero e não a respeito do pênalti anulado pelo árbitro Foto: Reprodução

O senhor teme que o Palmeiras dispute o Estadual de 2019 com um time de juniores?

O Palmeiras é um clube cumpridor de suas obrigações e tem contratos assinados com a competição. Os contratos de televisão são específicos e claros em relação a isso.

A credibilidade do Campeonato Paulista está afetada?

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Não temos como medir isso ainda, mas é óbvio que afeta. Um clube e uma torcida estão descontentes e colocando em xeque a competição. Mas, em contrapartida, temos 15 outros clubes que entendem que o campeonato seria manchado se fosse decidido por um pênalti inexistente.

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