'Tenho opção de jogar pelo Brasil ou pela Itália e não defini ainda', diz Martinelli
Atacante do Arsenal de 18 anos tem dupla cidadania e coloca o seu futuro na seleção em aberto
Entrevista com
Gabriel Martinelli, jogador do Arsenal
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Gabriel Martinelli, jogador do Arsenal
28 de janeiro de 2020 | 10h00
Gabriel Martinelli se tornou a sensação do futebol inglês com a camisa do Arsenal. O brasileiro de 18 anos, que até a temporada passada estava no Ituano e foi comprado por 6 milhões de libras (cerca de R$ 30 milhões), marcou dez gols em 22 jogos e virou uma das grandes promessas do futebol mundial. O garoto atraiu os holofotes principalmente depois de correr 61 metros em 8,4 segundos para marcar um golaço no clássico com o Chelsea, semana passada.
Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, o comparou a Ronaldo Fenômeno. Após dar os primeiros chutes no Corinthians, sua base foi construída nas categorias sub-15 a sub-20 do Ituano. Martinelli ganhou destaque ao se tornar craque-revelação do Campeonato Paulista de 2019 pelo time de Itu. O atacante ficou cinco temporadas no Ituano, quando foi negociado com o Arsenal. A presença de Martinelli nas próximas convocações da seleção brasileira, no entanto, ainda é uma incógnita. O atacante também tem cidadania italiana e, em entrevista ao Estado, revelou que ainda não decidiu qual seleção pretende defender.
Quando fiz seis anos, o meu pai me levou para o Corinthians e de lá para cá não parei mais. Nunca pensei em desistir. Quando você chega aqui, começa a lembrar tudo o que passou. Indo de ônibus para o treino no Corinthians, tudo o que você teve de passar com a sua família. Acabo dando mais valor e até sou grato por tudo o que aconteceu. A vida me ensinou. Tudo isso me dá forças para continuar conquistando mais coisas.
É difícil pensar que até pouco tempo atrás eu estava jogando no Ituano e agora estou aqui. É muito bom ver essas pessoas falando de mim, mas tenho de focar e continuar trabalhando firme para conquistar coisas ainda maiores.
Sim. É um sonho. Não só meu, mas de toda a minha família, que sempre sonha comigo. Só tenho de agradecer pelo momento que estou vivendo. Sei que tenho de continuar do mesmo jeito que eu era antes de chegar aqui. Meu pai e minha mãe conversam bastante comigo e sempre me deixam com os pés no chão para continuar batalhando.
É claro que penso, mas ainda sou jovem. O meu foco principal agora é o Arsenal. Se for convocado, é consequência.
Tenho opção de jogar pelo Brasil ou pela Itália. Não tenho nada definido ainda. Estou fazendo o meu trabalho bem feito aqui no Arsenal. Isso tudo é consequência do bom trabalho que estou fazendo aqui.
Ninguém chegou a conversar comigo sobre isso. Estou bem focado no Arsenal e dando o meu melhor. Pretendo ajudar o Arsenal com mais gols e vitórias.
Sou muito grato por tudo que eles fizeram desde quando cheguei ao Arsenal. Sempre mandam muitas mensagens, quando estou no jogo me aplaudem... Alguns vão na porta do CT, tiro foto no estádio, depois do jogo... É uma relação muito boa. No Brasil, jogava no Ituano e tinha essa noção, mas aqui é bem diferente.
Temos bastante contato. Ele é um cara super gente boa que tenta conversar bastante comigo e dar conselhos. Sempre me deixa com os pés no chão. Pretendo fazer a minha história com essa camisa. Quero retribuir tudo o que os torcedores estão fazendo por mim e dar muitas alegrias com gols e títulos.
No primeiro dia que cheguei foi bem interessante. Fiz as fotos no clube e fui almoçar, era uma mesa bem grande. Vieram falar comigo e eu não sabia nem responder. Em seguida, me troquei e fui para a academia. Todos os jogadores estavam lá e pensei: ‘Meu Deus do céu é um sonho estar aqui do lado de estrelas do futebol’. São coisas que me inspiram. É um sonho realizado.
Estou aprendendo ainda. Para falar com os companheiros de time, a maioria sabe falar espanhol e consigo desenrolar um pouco do Inglês. Mas, para dar entrevistas, é mais difícil. Estudo dentro do clube mesmo, eles proporcionam as aulas. Procuro fazer sempre quando não estou viajando por causa dos jogos. Sem dúvida é uma das partes mais difíceis porque nunca tinha feito nada de Inglês até chegar aqui.
Acabo levando tudo numa boa. A comida, por exemplo, minha mãe está aqui e faz o que eu gosto. Mas, sinto muita falta do restante da minha família e dos meus amigos. Tenho três irmãs, duas são casadas e uma ainda é pequena, tem oito anos, ela não pôde vir porque está na escola. Sinto falta dela, estava acostumado a vê-la todos os dias, buscar na escola... Mas a gente se fala sempre por telefone.
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