Um paradoxo: com um grupo recheado de jogadores com rodagem nos principais campeonatos do mundo, sobretudo o principal deles, a Liga dos Campeões da Europa, o time nacional fracassou na Copa do Mundo porque... não sabia mais perder.
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Tite completou dois anos à frente da seleção, mas até esta sexta-feira seus comandados só haviam amargado uma derrota, diante da Argentina, em amistoso disputado na Austrália e que acabou 1 a 0. E, nesse período todo, em somente outra ocasião o time começou atrás no marcador: foi na goleada por 4 a 1 sobre o Uruguai, já no returno das Eliminatórias.
O próprio treinador da seleção afirmou, inúmeras vezes, que gostaria de testar o Brasil em condições adversas. “Gostaria de ver a reação da equipe após sair atrás do marcador”, disse Tite, certa vez. Nesta sexta, ele teve essa oportunidade, e a experiência, como vimos, foi dolorida. O time se desesperou após o gol contra de Fernandinho, falhou no contragolpe que originou o segundo gol, e aí se obrigou a jogar todo o segundo tempo na base do abafa. Não deu.
O Brasil caiu fora da Copa em circunstâncias relativamente normais, ao menos para o que nos acostumamos nas duas últimas décadas. Perder para a Bélgica, hoje em dia, não é nenhum absurdo. A decantada “talentosa geração” tem jogadores de ótimo nível, foi melhor no conjunto da obra e abateu um time que, nos últimos dois anos, não aprendeu a perder.
Pena que, no contexto das duas últimas décadas, ainda não reaprendeu totalmente a ganhar.