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'Todo mundo quer derrotar o Cruzeiro', diz Marcelo Moreno

Atacante comemora boa fase no time mineiro e revela que, após polêmica, aceitaria jogar no Palmeiras

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Por Daniel Batista
Atualização:

Um dos destaques do Campeonato Brasileiro, o atacante Marcelo Moreno parece ter nascido para jogar no Cruzeiro. O boliviano de 27 anos e descendência brasileira, contou, com exclusividade ao Estado, como a equipe mineira está encarando a sequência de decisões, revelou que não quer voltar para o Grêmio, clube que detém seus direitos e onde foi menosprezado, explicou a polêmica com o Palmeiras e revelou que aceitaria um dia defender o time alviverde. Qual o segredo desse time do Cruzeiro para estar bem há tanto tempo?Acredito que seja a união de todo o grupo dentro e fora de campo. As famílias se conhecem e isso é importante. Não existe vaidade e isso leva o Cruzeiro a ser diferente de outros times, inclusive no ataque, onde temos tantos bons jogadores. A gente sabe que, quem está jogando é porque está melhor. O campeonato é longo e todos precisam estar bem para serem aproveitados quando tiver a oportunidade. A disputa pela artilharia te motiva ainda mais?Sinceramente, nada me motiva mais do que ser campeão brasileiro e ganhar a tríplice coroa (Campeonato Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil). A artilharia é algo que olho como um segundo plano. Eu quero fazer gols para ajudar o Cruzeiro a conquistar o nosso objetivo, que são os títulos. Mas na folga, não fica torcendo contra o Henrique, do Palmeiras (artilheiro da competição com 15 gols)? Claro que a gente acompanha em tudo que está acontecendo, mas me preocupo com o Cruzeiro. Torço pelo Henrique, porque ele é um grande jogador e não sou de torcer para o mal de ninguém. Mas até pela classificação, a gente fica acompanhando os outros jogos e pensa que seria bom o São Paulo tropeçar, por exemplo. Mas secar jogador não faço e nunca fiz.

Marcelo Moreno é o artilheiro do Cruzeiro na temporada e sonha com gol na grande final Foto: Geraldo Bubniak/Divulgação

O técnico Marcelo Oliveira fala sobre o cansaço da equipe. O Cruzeiro chegou no limite físico?Inevitável falar de cansaço no Brasil. Jogamos muitas competições e em todas estivemos em alto nível desde o ano passado. Todo mundo quer derrotar o Cruzeiro e isso nos obriga a ter um ritmo de jogo intenso e agora estamos sentindo o cansaço mesmo. O bom é que o grupo é grande e quem entra, dá conta do recado. Você tem contrato de empréstimo até o fim do ano com o Cruzeiro. Depois volta para o Grêmio?Eu quero ficar no Cruzeiro, porque me sinto em casa. A torcida me trata bem e me respeita e é fundamental você trabalhar onde se sente feliz. O Cruzeiro quer ficar comigo também e meu empresário está conversando para tentar acertar as coisas. Mas já vi entrevistas de dirigentes do Grêmio falando que quer você de volta...A torcida é louca para eu voltar, mas os mesmos que lá estão me trataram muito mal. Tive problemas psicológicos por tudo que aconteceu. Me afetou bastante o rendimento ter que treinar em separado por uma injustiça. Fui artilheiro do time na Libertadores de 2012 e de uma hora para outra não servia mais. Ser o maior artilheiro estrangeiro da história do Cruzeiro (com 44 gols, ao lado de Fernando Carazo) é algo que te orgulha?Com certeza. Todo jogador sonha ficar marcado na história de um grande clube e eu consegui isso. A minha história está praticamente completa no Cruzeiro. Porque não deu certo no Flamengo?Tentei de tudo para estar na melhor forma física e quando eu estava ficando bem, apareceram convocações para a seleção e fui perdendo espaço para o Hernane, que estava em uma fase maravilhosa, até que não consegui jogar mais. Se tivesse mais oportunidades, talvez estivesse por lá ainda, mas eu tinha que respeitar o Hernanes, que estava em uma fase excelente. Sobre a negociação com Palmeiras (ele seria emprestado ao clube com mais quatro jogadores do Grêmio em troca por Barcos). Seu pai falou muitas coisas ruins e por tudo que aconteceu, acha que poderia ter controlado melhor a situação?Eu nunca falei nada do Palmeiras. Foi meu pai que na ânsia de tentar defender o filho, acabou se expressando mal e falou aquelas (dentre outras, ele disse que o Palmeiras era um time fracassado) coisas. Eu respeito muito o Palmeiras, que tem uma história linda e é um grande time. Agradeço demais pelo interesse deles. A forma com que as coisas aconteceram que incomodou, mas o Palmeiras não tem culpa nenhuma na história. E se o Palmeiras voltar a tentar sua contratação?Com certeza, se for uma proposta interessante e bom para todos os lados, eu sentaria e viria o que é melhor. Qualquer jogador gostaria de jogar em um time grande, ainda mais com a história linda que tem o Palmeiras. Falando sobre seleção, você poderia ter defendido o Brasil, mas optou pela Bolívia. Hoje, o time brasileiro vive uma escassez de centroavante. Se arrepende da escolha? Seria maravilhoso jogar na seleção brasileira, mas não se arrependo. Por tudo que sou e representou para o meu pais e para a seleção, eu acho que fiz a escolha certa, sim. Sou quase capitão da seleção boliviana, mas com certeza jogar pelo Brasil seria lindo. É algo que vou me cobrar por não ter feito. Embora tenha jogado na seleção de base, então pude sentir o peso da camisa, mas é uma situação diferente.Porque a seleção boliviana nunca teve um time forte?Pobreza do país. Lá não tem condições de ter um CT, não dão valor para as divisões inferiores, não tem campo de base de qualidade. Na verdade, nem para a seleção principal. Se tiver um investimento no futebol, condições nós temos de sobra. 

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