Renato de Azevedo Silva, ex-candidato ao Conselho Deliberativo do Santos pela oposição, teve a idéia de levar uma faixa de protesto ao último jogo do time em 2008, contra o Náutico. Ele queria manifestar sua indignação com a fraca campanha do time na temporada e com os problemas financeiros do clube. Não imaginava que seria tão difícil. "Segui todas as normas para entrar com a faixa na Vila, mas foi bem complicado", revela o torcedor, de 46 anos. Veja também: Santos renova o contrato do técnico Márcio Fernandes Tabela e calendário do Paulistão E foi difícil por causa da pressão feita por integrantes da diretoria santista para que a faixa não fosse autorizada. A mensagem era de apenas uma palavra: "Incompetente", com o "m" e o "t" pintados de vermelho, em alusão às iniciais do presidente Marcelo Teixeira. A saga começou na quarta-feira, dia 3, quatro dias antes da partida. "Eu fui ao 6º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior) às 11 horas com um ofício pedindo a autorização para levar a faixa", lembra Renato. Ali começou a "negociação". Sem resposta para a solicitação por dois dias seguidos, ele voltou ao Batalhão na sexta-feira, às 18 horas. Descobriu que o pedido havia sido indeferido. "Não me deram nenhuma explicação. Só disseram que havia sido indeferido", afirma. Renato insistiu, apelando até ao artigo 5º da Constituição Federal, que diz ser livre o direito à manifestação e à liberdade. Em conversa com o capitão Edson Suezawa, que estava encarregado de responder ao pedido, o associado teve de fazer concessões para que a faixa fosse autorizada. A idéia original era que ela tivesse 13 metros. Ficou decidido que teria apenas sete. E ela só poderia ficar aberta por 30 minutos, antes da partida. "Acho que a intenção era impedir que as câmeras que iam transmitir o jogo ao vivo a focalizassem", argumentou Renato. Mas a novela não havia acabado. No dia da partida, policiais tentaram impedir Renato de colocar a faixa e assessores do presidente queriam arrancá-la na marra. "Queriam até me levar para conversar pessoalmente com o Teixeira. Eu não tenho nada para falar com ele. Como torcedor e associado, tenho direito de protestar", conta Renato. A reportagem tentou falar com os responsáveis pelo 6º BPMI, mas não conseguiu contato. Essa não foi a primeira situação polêmica em que Renato se envolveu. Em 98, ele foi ao CT reclamar das atuações de Viola. O pedaço de papel com a frase "Viola, joga bola" revoltou o atacante, que tentou agredir o torcedor.