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Torcida palmeirense malha ?judas? Mustafá

Por Agencia Estado
Atualização:

Duas viaturas da Polícia Militar, dez torcedores acorrentados ao portão de entrada da Academia de Futebol, totalmente tomada por mais de cem integrantes da torcida Mancha Verde. Nesse cenário de tensão e medo, o volante Marcinho foi apresentado neste sábado como o terceiro reforço do time para a Série B do Campeonato Brasileiro, que começa para o time dia 26. Márcio Glad, de 22 anos, teve seus direitos federativos comprados ao Figueirense. Assinou contrato por quatro anos. Em troca, o clube cedeu o lateral-direito Pedro ao time catarinense. Além do discurso costumeiro de que atuar no Palmeiras é um sonho antigo e de que torce para o time desde criança, Marcinho não teve muito tempo para falar. A sua apresentação ainda não tinha terminado quando começou um grande tumulto do lado externo do CT palmeirense. Eram Paulo Serdan, líder e ex-presidente da Mancha, agora é presidida por Jânio de Carvalho Santos, e sua turma que estavam chegando. Vinham da quadra da uniformizada, também localizada na Barra Funda. Uma caminhonete transportando um enorme sapo-boi verde e branco, simbolizando a figura do presidente do clube Mustafá Contursi, e um rato também grande que, segundo os torcedores, retratava a figura dos empresários Léo Rabello e Juan Figer, servia de abre-alas para a manifestação. Assustadíssimo, Marcinho ainda balbuciou algumas palavras. ?Esse tipo de protesto é normal. Só que aqui no Palmeiras é especial. Afinal, o time caiu para a Segunda Divisão?, disse, ainda preocupado em se livrar dos jornalistas para não ser visto pelos manifestantes. O medo de Marcinho era plenamente justificável. Ele era um dos motivos do protesto. Decididos, os integrantes da uniformizadas, sempre liderados por Paulo Serdan, foram em direção ao portão do CT e iniciaram o protesto. Dez deles se acorrentaram ao portão. Os cadeados foram trancados, as chaves ficaram com um dos líderes do movimento. Paulo Serdan iniciou o discurso. ?Só sairemos daqui depois de sermos atendidos pela direção do clube e por líderes do time, como Zinho, Magrão, Pedrinho e Marcos. As contratações do Fábio Gomes, Alessandro e Marcinho só aconteceram porque o Léo Rabello e o Juan Figer encontram facilidades para enfiar jogadores no clube. O Mustafá prometeu grandes contratações e não cumpriu. Foi malhado como Judas?, berrava Serdan. Espertos, jogadores e comissão técnica já não estavam mais na Academia. Prevendo a manifestação, Jair Picerni começou o treino às 7h30. Quando os torcedores chegaram, só Marcinho, em razão da entrevista que deu à imprensa, ainda estava no CT. Fernando Gonçalves, diretor de futebol, tremia muito. Atendia seguidamente o telefone celular e insistia em dizer para o interlocutor que ?tudo estava em ordem e que eram apenas 50 torcedores que estavam do lado de fora do portão.? Paulo Serdan, Jânio e Reginaldo Pereira, vice-presidente da uniformizada, tentavam um contato por telefone com Zinho, Pedrinho, Magrão e Marcos. Zinho e Pedrinho argumentaram que estavam com vôo marcado para o Rio e que não podiam voltar à Academia para ouvir as reclamações da uniformizada. Marcos não foi encontrado, mas Magrão sim. Conversou com Serdan e os demais líderes da organizada e prometeu retornar de São Caetano do Sul, onde mora, para tentar a conciliação. Era preciso que alguém da direção falasse, por isso Reginaldo foi conversar com Fernando Gonçalves. Exigia que o cartola fosse até o portão ouvir as argumentações dos torcedores. Fernando, tremendo muito, não quis. Propôs que os cadeados fossem liberados e que uma reunião fosse feita entre ele e os líderes do movimento dentro da Academia. Reginaldo odiou a sugestão. ?Já que você não tem hombridade para ir lá fora e conversar com a gente, nada feito. Vamos esperar o Magrão chegar. Essa história de conversar às portas fechadas, entre quatro paredes, a Mancha Verde não engole mais. Na última vez que isso aconteceu o Mustafá prometeu que iria contratar jogadores de expressão e trouxe o Alessandro, o Fábio Gomes e o Marcinho. O Marcinho e o Fábio Gomes podem até se transformar em astros do futebol com o Redondo ou o Falcão. Se conseguirem, ótimo. Mas por enquanto serão vaiados em todos os jogos?, afirmou Reginaldo, encerrando o assunto com Fernando Gonçalves. O cartola palmeirense insistia que o clube tinha feito bons negócios. ?Eles (a Mancha Verde) queriam o Edmundo. Só que nós sabíamos que ele tinha um problema no joelho. Tanto é que se machucou no primeiro treino do Vasco?, disse. Percebendo que acabava de fazer uma denúncia séria e grave, recuou. ?Não foi bem assim.? Paulo Serdan não recuava. ?Se era para contratar jogadores que não têm a menor condição de vestirem a camisa do Palmeiras, o Mustafá teria de dar chances para o Pedro, Corrêa, Alceu, Xu, além do Edmilson e o Wagner. Se dessem chances ao garotos, a Mancha Verde iria entender e apoiar?, disse o líder sem convencer nem ao menos os porteiros da Academia.

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