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Trabalhadores norte-coreanos seriam escravos em obras da Copa 2018, afirma revista

Denúncia feita por publicações esportivas europeias aponta irregularidades em estádio de São Petersburgo, que receberá jogos da Copa das Confederações

Por Guilherme Mendes
Atualização:

Em suas edições mais recentes, as revistas Josimar (Noruega) e a Panenka (Espanha), especializadas em futebol, trazem denúncias envolvendo obras em estádios da Copa de 2018 , na cidade de São Petersburgo. Segundo a reportagem, ao menos 110 trabalhadores norte-coreanos estariam trabalhando na construção das arenas, em condições de escravidão. De acordo com a investigação, os trabalhadores norte-coreanos seriam enviados para serviços braçais na Rússia pelo governo do ditador Kim Jong-Un, que reteria parte dos salários dos empregados. "Eles não vêm para cá voluntariamente", afirma um membro de uma ONG local ouvido pela matéria. 

A Galeria Raquel Arnaud inaugura a exposição coletiva A matéria da cor, na Vila Madalena Foto: Denise ANdrade

Dos cerca de 30.000 norte coreanos na Rússia, 2.000 deles trabalham na cidade, enquanto a maioria dos expatriados enviados por Pyongyang para trabalhar na Rússia trabalhe nos Urais ou em madeireiras na Sibéria. Segundo a matéria, todos sofrem constantes pressões dos oficiais de seu país natal para continuar no trabalho, com a cumplicidade do governo russo. Alguns especialistas calculam em quase cem mil o número de empregados enviados pela Coreia do Norte para outros países, retendo parte dos salários destes trabalhadores para o governo. Temendo represálias nos locais onde trabalham e com suas famílias que ficaram, o perfil geral, observado pela reportagem, é de trabalhadores que não conhecem o idioma e trabalham sete dias por semana, sem conversar com pessoas de outras nacionalidades. As obras do estádio que receberá os jogos na cidade - a Arena Zenit, com capacidade de 69 mil lugares - correm contra o relógio para que a arena seja entregue a tempo da Copa das Confederações, em junho. Com isso, a matéria descreve as condições a que são submetidos os trabalhadores, cuja metade é composta de imigrantes vindos de antigas repúblicas soviéticas como o Uzbequistão, Cazaquistão e Tajiquistão (que, por sua vez, não sofrem a mesma pressão). Em nota enviada às revistas, o comitê organizador da Copa de 2018 afirma saber da existência de "poucos norte coreanos trabalhando na arena, em serviços de finalização", mas que todos recebem seus devidos honorários, assim como todos os trabalhadores de outras nacionalidades.

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