Transferência de Coutinho faz Brasil ter a seleção mais cara do mundo

Impulsionado por negociações recentes, valor de mercado dos 11 titulares de Tite chega a mais de R$ 2 bilhões

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Por Ciro Campos
Atualização:

A seleção brasileira ganhou no último fim de semana mais um componente para aumentar o favoritismo para brigar pelo hexacampeonato na Copa do Mundo da Rússia. A transferência de Philippe Coutinho para o Barcelona, no sábado, faz a seleção do técnico Tite ter o time titular mais valioso entre os 32 participantes do torneio.

Os cerca de R$ 630 milhões pagos pelo time catalão para tirar o meia do Liverpool alavancaram no mercado a cotação de Coutinho e do Brasil. Nenhuma das seleções classificadas para o Mundial da Rússia tem uma soma tão elevada do valor de mercado dos 11 titulares. O time brasileiro chegou a R$ 2,07 bilhões, pouco acima da Espanha e da Bélgica.

Philippe Coutinho trocou o Liverpool pelo Barcelona em janeiro de 2018 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O Estado fez um levantamento entre os titulares recorrentes das seleções com base no site alemão Transfermarkt, especializado em transferências de jogadores. A reportagem leva em conta os dados do site, com a atualização do valor pago pelo Barcelona para tirar Coutinho do Liverpool, na segunda negociação mais cara da história.

A transferência mais alta, inclusive, é também brasileira. Quando no meio do ano passado Neymar deixou o Barcelona para reforçar o Paris Saint-Germain por cerca de R$ 862 milhões, também ajudou a seleção brasileira a despontar como a mais cara do mundo.

A equipe de Tite chegará à Rússia bastante valorizada no mercado de transferências pela presença de dois grandes fatores: juventude e talento. As duas condições são extremamente importantes para que o preço de um jogador suba. Não à toa, apenas os valores estimados dos três principais atletas – Neymar, Philippe Coutinho e Gabriel Jesus –, superam o do time titular completo de Portugal, apesar da presença de Cristiano Ronaldo.

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O trio de ataque do Brasil é formado por jogadores com no máximo 25 anos e capacidade para continuar a aparecer como os mais caros do mundo. Se Neymar e Coutinho já figuram entre as transferências recordes, Gabriel Jesus também tende a se valorizar. Afinal, aos 21 anos, o ex-palmeirense tem valor de mercado, segundo o Transfermarkt, duas vezes acima da quantia paga pelo Manchester City para comprá-lo em 2016.

A campanha brasileira na classificação para a Copa do Mundo foi importante para transformar a seleção na equipe titular mais cara do mundo. A reação no torneio teve como um dos destaques o volante Paulinho, exemplo desse processo. 

 

O ex-jogador do Guangzhou Evergrande, da China, reconquistou espaço no futebol europeu movido pela boa fase vivida no futebol asiático e as grandes atuações nas Eliminatórias. Ele foi o vice-artilheiro do Brasil na competição, com seis gols, mesmo número de Neymar.

O trabalho relevante levou o Barcelona a investir cerca de R$ 150 milhões para tirá-lo do futebol chinês no meio de 2017. O valor é praticamente o triplo do pago pelo Guangzhou dois anos antes ao Tottenham, da Inglaterra, onde o volante estava como reserva. Uma valorização rápida no mercado e expressiva para ajudar a aumentar a cotação dos titulares brasileiros.

FESTA

O Barcelona vai promover nesta segunda-feira a sequência de eventos para marcar a apresentação de Coutinho. O ritual começa com exames médicos, depois a assinatura do contrato na sala do presidente do clube, seguido por fotos no estádio Camp Nou e por fim a entrevista coletiva.

 

O meia viajou para a Espanha no sábado junto com a família e ontem apareceu em fotos com o agasalho do novo time. Coutinho também enviou um recado aos torcedores pelas redes sociais. "Já estou aqui e é um sonho que se torna realidade. Espero vê-los amanhã (hoje). Visca, Barça", disse.

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O contrato do jogador é valido até junho de 2023 e tem uma altíssima multa rescisória. O valor é de R$ 1,55 bilhão, quantia condizente ao investimento feito por um jogador da seleção mai s cara do mundo.

ANÁLISE: Eduardo Carlezzo*

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'Não há limites para precificar um jogador'

As transferências do Neymar e do Phillipe Coutinho alteram substancialmente a lógica de mercado internacional: não há mais limites para precificar os serviços de um jogador. Até a transferência do Neymar havia um determinado limite, um pouco acima dos 100 milhões de euros. Poucos acreditavam que as multas de rescisão das grandes estrelas poderiam ser pagas, pois já estavam fixadas em valores altíssimos. Hoje, me parece que para um seletíssimo grupo de jogadores suas multas de rescisão estabelecerão seus valores de mercado.

Nesse contexto, o protagonismo do atleta brasileiro sempre existiu. Se, em um determinado ano, os clubes europeus não gastaram grandes somas nesses atletas, os chineses o fizeram. A temporada 2011/2012 foi singular, e a pior nesse sentido. Os brasileiros ficaram de fora das 20 maiores transações.

*Advogado especialista em direito esportivo