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Treinador critica fim da Lei do Passe

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-técnico da seleção brasileira e atual treinador do Corinthians, Wanderley Luxemburgo, fez hoje afirmações na CPI da CBF/Nike que se chocam com o que foi dito no dia anterior pelos representantes da Nike. Luxemburgo disse que nunca recebeu pressão para escalar jogadores, mas informou que um representante da empresa participava das reuniões em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) definia a data de jogos, que em 90% das vezes esse funcionário se hospedava nos mesmo hotel da seleção brasileira e que ele acompanhava o treinamento dos atletas. O técnico disse que, no período da seleção, mantinha num contrato com a Nike que lhe rendeu US$ 60 mil ao ano ou US$ 120 mil nas duas temporadas em que esteve valendo. Esse contrato teria se rompido automaticamente com a sua saída do cargo. O interesse em firmar esse contrato foi "recíproco", dele e da empresa, esclareceu. No episódio de um jogo amistoso da Nike, na Austrália, em que impediu o atacante Ronaldinho de jogar pela seleção olímpica, Wanderley Luxemburgo disse que o "pessoal Nike" o procurou para conversar. Queiram lhe pedir que convocasse o Ronaldo, alegando que a presença do atacante havia sido anunciada na campanha de divulgação do jogo. O treinador disse que recusou o pedido porque o clube do jogador, o Internazionale, de Milão, impediu que ele participasse das duas partidas previstas. "Eu disse que se ele não fizesse os dois jogos, eu o mandaria embora e foi o que fiz", lembrou. Cerca de 80% das perguntas feitas ao treinador se referiram à ligação da Nike com a seleção brasileira. A pergunta sobre a interferência da empresa na escalação de jogadores da seleção foi feita por quatro deputados. Luxemburgo respondeu a todos da mesma forma, dizendo que tinha autonomia para escolher o jogador que quisesse. "Eu tinha a liberdade da convocação", assegurou. Segundo ele, os nomes eram aprovados pela comissão técnica, formada por ele, Candinho e Marcos Moura e somente depois é que eram submetidos a diretores e ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não questionavam a escolha. Wanderley Luxemburgo criticou o fim do passe dos jogadores. Ele comparou a Lei Pelé ao início da construção de um prédio pelo 12º, "sem que primeiramente sejam montadas as estruturas". Segundo ele, antes de propor alterações como esta no futebol brasileiro, deveriam ter sido criados meios para fortalecer os clubes. Ele também aproveitou a chance para se defender de acusações feitas pela sua ex-procuradora Renata Alves, sobretudo quanto a de que receberia propina dos empresários em troca da convocação de jogadores para a seleção. Ele disse que, se algum dia essa denuncia vier a ser confirmada, ele deixará de ser técnico de futebol.

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