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Uma ?locomotiva? chamada Adriano

Por Agencia Estado
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O grandalhão Huth, zagueiro de 1,88m e forte como um touro, estava com os tornozelos inchados, vermelhos, e as canelas marcadas. Sinais da sua frustrada tentativa de parar uma locomotiva, neste sábado, em Nuremberg. Huth tentou de tudo. Não conseguiu nada. Adriano passou por cima dele e de toda a Alemanha. Deu ao Brasil a classificação à final da Copa das Confederações. Agora o atacante carioca da Inter de Milão sonha em ser titular na Copa do Mundo ao lado de Ronaldo, seu ídolo. E Adriano lembrou Ronaldo no jogo deste sábado. Marcou dois gols, sofreu o pênalti convertido por Ronaldinho Gaúcho e não se intimidou em nenhum lance. Chamou o jogo, atropelou um por um, sem cerimônia. Huth enfrentou a tempestade e não sobreviveu. "O Brasil sempre apresenta grandes atacantes", simplificou o zagueiro alemão. Ele nem tinha muito o que falar. O avante brasileiro, sim. "Eu estava me cobrando uma grande atuação nessa Copa das Confederações. Não fiz bons jogos na primeira fase. Contra a Alemanha, acho que retribuí a confiança que o Parreira sempre depositou em mim", contou o atacante, medalha no peito, eleito pela Fifa como o melhor do confronto de Nuremberg. Parreira não escondeu o entusiasmo com a exibição do camisa 9. Lembrou que o atacante da Inter é uma das suas primeiras apostas, desde 2003, quando reassumiu a Seleção Brasileira. "Sempre falei, desde o início, quando muitos me cobraram, escreveram nos jornais e falaram na televisão que era um absurdo convocar o Adriano. Disseram: onde já se viu chamar um jogador como este. Há três anos eu venho dizendo que o Adriano é um baita atacante. Taí a resposta." O próximo passo, alerta Parreira, será a experiência no ataque com Adriano e Ronaldo - a dupla com grandes chances de formar a linha de frente do Brasil no Mundial de 2006. "É um projeto nosso de seis meses atrás. Não conseguimos ainda colocar os dois para jogarem juntos por problemas extracampo. Nos próximos compromissos da Seleção, vamos tentar novamente." Tudo o que Adriano mais quer é a titularidade no time do Brasil. De preferência, ao lado do Fenômeno. "Me perguntam agora se o Ronaldo não faz mais falta à Seleção. Este assunto não é meu, é do professor Parreira. De minha parte, gostaria de jogar ao lado do Ronaldo. Quero ser titular na Copa do Mundo ano que vem." Os dois são cariocas de origem humilde no subúrbio do Rio de Janeiro. Têm em comum o apego à família. Adriano, por exemplo, traz nos braços duas tatuagens. No esquerdo, o nome dele e do irmão Thiago cravados com ideogramas chineses. No direito, em português, com os nomes de toda a família. Por que em chinês? "Vi uns jogadores usando esse tipo de tatuagem. Achei bonito e mandei fazer". Você tem alguma simpatia com os chineses? "Não, só achei bonita a tatuagem daquele tipo." O atacante usou muito os braços tatuados e ombros pesados para passar pelos duros alemães. Não dava para amolecer. "Eles têm dois zagueiros muito bons, fortes. Tive de usar minha força. Só tenho de agradecer também os meus companheiros que me ajudaram a marcar os dois gols. Estou feliz por tudo isso." Marcou dois neste sábado e já tem 3 em quatro jogos na Copa das Confederações. É o artilheiro do Brasil na competição. E quer muito mais. "Todo atacante sonha em ser artilheiro. Esta é a minha meta também. Primeiro, o importante é o Brasil ser campeão." Argentina ou México na final? "Não tem escolha, são duas grandes seleções. O bom é que teremos um dia a mais para descansar. Todo mundo está no limite", concluiu Adriano, que segue com a Seleção Brasileira para Frankfurt neste domingo à noite. Na quarta-feira, enfrenta o vencedor de Argentina e México na final do torneio. Huth vai com a Alemanha para outra estação: Leipzig, na decisão do terceiro lugar. Pelo menos não terá uma locomotiva pela frente.

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