UMA SELEÇÃO BRASILEIRA EM BUSCA DE IDENTIDADE

Título na Copa das Confederações cegou a comissão técnica quanto aos (muitos) defeitos apresentados pela equipe até a eliminação na Copa

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Por Luiz Antônio Prósperi
2 min de leitura

A seleção brasileira caiu nas semifinais depois de sobreviver, com muito sacrifício, nas oitavas e nas quartas de final.Em nenhum jogo, dos sete que disputou, se impôs como protagonista. Antes da queda anunciada, ficou claro que o time tinha sérios problemas emocionais. O discurso ufanista da comissão técnica também contribuiu para o fracasso – os jogadores sentiram a pressão da responsabilidade de assumir o favoritismo. A má vontade da Fifa com o Brasil, na análise do comando da seleção, teria contribuído para o fiasco, desestabilizando o comissariado e também os jogadores. Eles não tiveram apoio forte da CBF, que não se manifestou, de forma oficial, contra a arbitragem. E o fator Neymar também pesou. Quando o craque saiu de cena, o pouco que restava de equilíbrio no grupo se perdeu. A chama apagou.

Na anatomia da derrota conta também o pouco tempo de preparação que a seleção teve até a estreia na Copa. Mesmo assim, os dias na Granja Comary foram mais de recuperação física a treinamentos táticos e técnicos. Felipão, a cada entrevista, tinha de se explicar a respeito da falta de treinos. O técnico argumentava que seguia as orientações dos médicos e preparadores físicos. Era impossível, segundo Felipão, forçar os atletas a um ritmo mais intenso de treinamentos.

Na avaliação da comissão técnica, não foi a carga de trabalhos na Granja o principal problema da seleção brasileira. Pesou, e muito, a falta de controle emocional dos jogadores. Nem a intervenção da psicóloga Regina Brandão, conselheira de Felipão de longa data, conseguiu colocar os nervos dos jogadores no lugar.

Outro problema grave, esse fica na conta de Felipão e Parreira, foi apostar no modelo vitorioso da Copa das Confederações de 2013. O treinador e o coordenador imaginaram que o time poderia dar a mesma resposta na Copa do Mundo. Não levaram em conta o nível técnico dos adversários, comparando uma competição a outra. Subestimaram a queda de rendimento inevitável que os jogadores teriam um ano depois.

No plano tático, também imaginaram que os rivais do Brasil não iriam estudar um jeito de neutralizar aquela avalanche brasileira. Pagaram caro por isso. Os adversários, em nenhum dos seis jogos, se deixaram levar pela pressão dos comandados de Felipão. Marcaram forte e inibiram o movimento do time. 

Quando a seleção brasileira sobreviveu, com muita dificuldade, às oitavas, diante do Chile, e às quartas, contra a Colômbia, se pensou, dentro da comissão técnica, que o pior havia passado. Foi outro engano. O Brasil perdeu Neymar, vítima de jogada violenta do colombiano Zúñiga. E fechou a conta com uma enorme dívida, ao ser atropelado pela Alemanha. A desculpa, agora, pode ser essa: a seleção brasileira caiu diante da nova campeã do mundo.