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Vadão freia assédio ao jovem Kaká

Por Agencia Estado
Atualização:

O técnico Oswaldo Alvarez resolveu colocar um freio no assédio ao jovem Kaká. Com o objetivo de preservar o mais procurado jogador do São Paulo no momento e evitar que seu rendimento caia dentro de campo, Vadão orientou o atacante de 18 anos a não atender jornalistas fora do centro de treinamentos do clube, principalmente em seu apartamento, no Morumbi. Entrevistas exclusivas, a partir de agora, somente com hora marcada e de preferência na sala de imprensa do CT, desde que não atrapalhem o período de repouso do jogador. Kaká não admite, mas sentiu que entre alguns jogadores do São Paulo, até mais famosos do que ele, esse assédio não está sendo bem visto e pode causar ciumeiras. "Ele (Vadão) pediu para que eu me controlasse", confessou, negando que os compromissos fora de campo estejam prejudicando sua ascensão profissional. "Estamos fazendo isso justamente porque tudo o que vem acontecendo comigo não chegou a atrapalhar ainda meu rendimento em campo", explicou. Vivendo uma espécie de "ressaca" da fama, Kaká segue à risca as determinações do técnico. Abordado pelo repórter de uma revista para uma entrevista exclusiva, nesta quinta-feira, após o treino da manhã, o jogador recusou dizendo que o pai o estava aguardando para um compromisso. "Sei da importância de sua revista, mas hoje, infelizmente, não dá, tenho compromisso. Marca com o pessoal da assessoria", desculpou-se. Entrevistas exclusivas com o jogador são solicitadas todos os dias. De revistas semanais de informação a publicações voltadas a jovens e adolescentes, passando por jornais, emissoras de rádio e TV, todos têm interesse em conversar com Ricardo Izecson Santos Leite, de 1,83 metro, 73 quilos e pinta de galã. A vida de Kaká transformou-se por completo após os dois gols que marcou contra o Botafogo na final do Torneio Rio-São Paulo, há nove dias. Ainda no vestiário do Morumbi, durante a comemoração do título, o jogador foi aconselhado a não dar entrevistas em sua casa, um apartamento no Morumbi. "Ele não seguiu nossa orientação e teve de atender a mais de uma dezena de jornalistas em casa", disse um funcionário do clube. A fama também tem seu lado positivo. No último final de semana, Kaká foi chamado pela diretoria para uma conversa e teve seu contrato prorrogado até 2003. O salário passou de R$ 700 para R$ 6 mil mensais. Com isso, o valor de seu passe saltou de R$ 910 mil para R$ 7,8 milhões. O jogador comprou seu primeiro carro, um Fiat Palio, e começa a sonhar com a carreira num clube da Europa. "Jogar no exterior é o sonho de todo jogador e o meu também, mas, por enquanto, tenho de pensar no São Paulo." Para Vadão, a situação só não é mais preocupante porque Kaká "tem boa cabeça e uma família muito consciente e estruturada". O treinador, porém, está procurando administrar a ascensão do jogador para não prejudicá-lo. Consultado pelo técnico Carlos César, da seleção sub-20, Vadão pediu que Kaká não fosse convocado para o grupo que começa a se preparar para o Mundial da categoria, em julho. A alegação é que o clube vai precisar muito do jogador nos próximos meses. César, porém, disse que o meia continua em seus planos. Raí - O porte físico e o estilo de jogo tornaram quase inevitável a comparação entre Kaká e Raí, o maior ídolo da torcida tricolor nos anos 90. Um abraço entre os dois, na festa pela conquista do título do Rio-São Paulo em uma casa noturna, na última segunda-feira, foi o ponto alto da comemoração. Coincidências à parte, Raí concorda com Vadão: chegou a hora de preservar Kaká. "A fama vem de uma hora para outra e, às vezes, o jogador não tem estrutura nem quem o oriente para administrar tantas solicitações e acaba se desconcentrando. O resultado é que ele se cansa física e mentalmente", diz. "Kaká faz bem em escutar Vadão." Em 1991, até então conhecido somente como "o irmão do Sócrates", Raí viveu situação semelhante. Tinha 26 anos e já era um jogador conhecido, mas explodiu ao marcar os três gols da vitória do São Paulo contra o Corinthians, na primeira partida da final do Paulista daquele ano. Sua vida, a partir daí, começou a mudar. "O assédio foi muito grande. Era convidado para tudo, de restaurantes a tirar fotos no Ibirapuera", lembra. "Aquilo me desgastou." O ex-craque vê muitas semelhanças entre seu estilo de jogo e o da revelação do São Paulo. "O Kaká é um organizador de jogadas, chuta bem, é alto, tem boa visão de jogo e atua na mesma posição. Temos muitas coisas em comum". Numa rápida conversa entre os dois na última segunda-feira, Raí aconselhou Kaká a "ficar tranqüilo" com relação às comparações. "Pouco a pouco ele vai conquistar seu espaço."

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