Vágner Love quer aprender inglês

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Por Agencia Estado
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Um novo Vágner Love está nascendo. Mais maduro, mais consciente, mas sem perder a identidade. Aos 19 anos, o atacante, que divide a artilharia do Paulistão com Luís Fabiano com oito gols, quer voltar a brilhar no próximo sábado, quando o Palmeiras recebe o Santo André no Palestra Itália pelo Paulistão. Mas também não consegue esconder que, se mantiver o ritmo atual, será difícil resistir por muito tempo às propostas milionárias dos grandes clubes do exterior. Ontem, momentos após presentear o amigo Diego Souza com uma placa comemorativa pelos seus 50 jogos com a camisa palmeirense, Love falou com exclusividade ao JT. E revelou alguns de seus planos, como estudar inglês e investir em imóveis. O primeiro deles, no entanto, acaba de ser realizado. Cansado da solidão, foi buscar a mãe no Rio de Janeiro para lhe fazer companhia. JT - Ainda consegue sair na rua sem ser notado? Vágner Love - Prezo muito a liberdade. Por isso, continuo indo à farmácia, ao mercado e à padaria. Estou me acostumando com a condição de ídolo e jamais deixo de dar um autógrafo. Afinal, o carinho que recebo da torcida do Palmeiras é sacanagem. Mas minha mãe (Dona Jaira) brinca e diz que daqui um ou dois anos não vou mais conseguir sair sozinho, terei que andar com três seguranças pelo menos. JT - Você sempre fala da sua mãe. Qual a importância dela na sua vida? Vágner - Total, somos muito apegados. Tanto que acaba de se mudar para São Paulo para morar comigo. Por viver longe dela desde os 12 anos, estava cansado da solidão. Várias vezes me peguei chorando por não tê-la ao meu lado. Até alguns anos atrás, não tinha dinheiro sequer para pagar uma passagem de ônibus e encontrá-la nas folgas. Mas a partir de agora, com certeza vou me sentir melhor, não apenas dentro como fora de campo. Qual o conselho mais importante que ela te passou? Por saber tudo o que aconteceu comigo na vida, disse para jamais desistir de lutar. JT - Você sofreu muito para chegar ao estágio atual? Com certeza. Já dormi em alojamentos sem nenhuma estrutura para abrigar um elenco. Mas sempre escondi essa realidade de minha mãe. Se ela soubesse que estava passando por apuros, iria me buscar na mesma hora. O sucesso trouxe junto as falsas amizades? Algumas com certeza. Muita gente acabou se aproximando do Vágner Love do Palmeiras, e não do Vágner criado na zona Oeste do Rio de Janeiro. Mas eu sei quem são meus verdadeiros amigos. E aprendi a me distanciar dos interesseiros para evitar problemas. JT - Quem são seus melhores amigos? Cito três: Alceu, Diego Souza e Edmílson. Mas não posso esquecer do Cláudio (Cláudio Guadagno, seu empresário) e do Evandro (que o descobriu para o futebol e a quem considera um pai). JT - Carrega alguma mágoa do futebol? Nenhuma. JT - E como engoliu a dispensa do São Paulo? (Vágner treinou cinco meses no clube do Morumbi, entre 2000 e 2001) Com tranqüilidade, porque sei que não ocorreu devido a critérios técnicos. Não fiquei no Morumbi porque o Gilmar (Gilmar Rinaldi, seu empresário à época) não acertou meu contrato. Mas em campo fui muito bem. No primeiro treino entre os juvenis, marquei quatro gols e fui aprovado pelo treinador Toinho (ex-goleiro do São Paulo na década de 70). JT - E quem vai vencer a disputa pela artilharia do Paulistão? Você ou o Luís Fabiano? Já disse que não estou preocupado com isso. Meu interesse maior é fazer o Palmeiras campeão paulista e da Copa do Brasil, assim como no ano passado era levar a equipe de volta à primeira divisão do Brasileiro. Mas qual o atacante que não quer marcar gols? Vivo disso e tenho certeza que, se ficar alguns jogos sem marcar, a torcida não vai me perdoar. JT - Como é seu relacionamento em campo com os adversários? Durante os jogos, cada um defende o seu. Já fui xingado por zagueiros, que prometeram até quebrar minha perna. Nesses momentos eu finjo que não é comigo. Mas não esqueço de uma partida contra o Sport ano passado pela Série B em Recife (vitória palmeirense por 2 a 1), quando um zagueiro pediu para que eu parasse de correr porque sua equipe também precisava subir. JT - Você disse certa vez que pede ajuda ao Cláudio Guadagno no momento de investir o dinheiro. Já deu para comprar muita coisa? Não deu nem para começar a fazer o pé-de-meia. Mas pretendo, daqui para frente, investir em imóveis. Sem esquecer, é claro, de dar dinheiro para minha mãe. JT - Pretende mesmo ficar no Palmeiras até o final de seu contrato, em 2006? Pretendo, mas admito que se continuar jogando bem e fazendo gols, será difícil isso acontecer. JT Você parou de estudar no primeiro colegial. Tem planos para voltar à escola? Até gostaria, mas e o tempo? Agora, decidi que vou aprender a falar inglês. Acho muito importante conhecer uma segunda língua. Contratei até uma professora particular.

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