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Jérôme Valcke indica que deixará a Fifa após novas eleições

Dirigente admitiu dificuldade da entidade em encontrar patrocínios

Por Jamil Chade e CORRESPONDENTE EM GENEBRA
Atualização:

O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, deixará a entidade quando Joseph Blatter, seu chefe, abandonar a presidência, no dia 26 de fevereiro de 2016. Operador da Copa de 2014 no Brasil e que criou polêmica ao recomendar que os brasileiros levassem um “chute no traseiro”, Valcke colecionou admiradores e inimigos como o número 2 da Fifa.

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Mas admite agora que a crise de corrupção está afugentando patrocinadores e que a entidade não consegue fechar novos contratos. “Seja quem for o novo presidente da Fifa, ele deve ter um novo secretário-geral” indicou. 

O francês era até 2006 o diretor de Marketing da entidade. Mas se envolveu em uma polêmica quando trocou a MasterCard pela Visa como patrocinadora da Copa do Mundo. A empresa derrotada acionou a Justiça nos EUA e a corte julgou que Valcke havia “mentido” na negociação. A Fifa acabaria sendo multada em US$ 90 milhões. 

Jérôme Valcke teve papel importante na organização da Copa do Mundo no Brasil Foto: Robson Fernandjes/Estadão

Blatter, naquele instante, anunciou que os responsáveis seriam afastados e, de fato, Valcke saiu de cena. O que Blatter jamais contou é que nunca deixou de pagar o salário de Valcke e, em 2007, ele voltaria, desta vez como o poderoso secretário-geral da entidade. 

O francês desenvolveria uma forte amizade com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e chegou a ser contratado pelo brasileiro para ajudar a formular a candidatura do Brasil para receber o Mundial de 2014. 

Valcke, durante anos, assumiria a tarefa de colocar pressão no Brasil e de atender aos pedidos de Teixeira para retirar o Morumbi da Copa do Mundo. Isso abriu caminho para a construção da Arena Corinthians. Em 2014, durante a Copa, Valcke ainda colocou no Mundial seu filho para trabalhar. 

Em maio, porém, a crise na Fifa o tocou pessoalmente. Cartas apontaram que ele sabia de um pagamento de US$ 10 milhões enviados pelos sul-africanos para Jack Warner, um vice-presidente da entidade. Para o FBI, o dinheiro é uma propina para que Warner votasse pela candidatura da África do Sul para sediar a Copa de 2010. 

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Valcke garante que não tem nada a temer. Mas contratou um advogado nos EUA, não viajou para o Canadá no Mundial Feminino e nem para o Mundial Sub-20 na Nova Zelândia. 

Mas garantiu nesta sexta-feira que a crise “não o afeta”. “Não acho que tenho qualquer coisa relacionada com isso”, declarou.

PATROCINADORES

Valcke, porém, deixa claro que a crise está tendo uma repercussão negativa para as contas da entidade. A empresa Emirates retirou seu patrocínio e, até agora, ninguém ocupou seu lugar. 

A Fifa havia aberto 20 vagas para patrocinadores regionais. Mas, até agora, nenhum dos lugares foi ocupado. 

Segundo ele, a Fifa vai se reunir nos próximos dias com patrocinadores para debater sua reforma. Coca-Cola e Visa já deixaram claro que querem uma comissão independente para liderar o processo de reforma e limpar a crise que afeta a entidade.

“A situação atual não ajuda a finalizar novos contratos. Essa é a realidade”, disse. “Não sei se conseguiremos algo até dia 26 de fevereiro”. 

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Bilionária, a Fifa teve em 2014 uma renda recorde com a Copa no Brasil. O evento gerou mais de US$ 5 bilhões e permitiu que a entidade acumulasse uma riqueza sem precedentes em mais de 110 anos de história. 

Para os patrocinadores que por anos pagaram pelo evento, chegou o momento de Blatter deixar a Fifa. Foi justamente essa pressão que o levou a pedir sua renúncia

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