Uma "vaquinha" feita por 50 empresários transformou a história do Operário, da cidade de Ponta Grossa (PR). O clube conquistou dois acessos seguidos nas últimas temporadas no Campeonato Brasileiro e hoje inicia a disputa por vaga na final da Série C. O time alvinegro enfrenta o Bragantino, fora de casa, pelo jogo de ida da semifinal. O acesso à Série B de 2019 foi garantido no último fim de semana ao eliminar o Santa Cruz.
O clube mira a Chapecoense como exemplo de sucesso de ascensão rápida no futebol com um modelo de gestão implantado em 2016. Naquele ano, o "Fantasma", apelido do clube, estava na segunda divisão estadual e precisava ser campeão de um torneio sub-23 para conquistar vaga na Série D em 2017. O time ganhou as duas.
"É um trabalho pautado em administrar bem o dinheiro, não gastar mais do que se arrecada. Agora vamos montar um time para subir para a Série A", disse o presidente do grupo gestor do Operário, Álvaro Góes. O empresário é o comandante de um "pool" montado para captar fundos e manter o elenco.
São cerca de 50 apoiadores, que contribuem com uma quantia mensal de até R$ 5 mil. O investimento corresponde a cerca de um terço de toda a receita do Operário. Patrocínio e o programa de sócio-torcedor completam a arrecadação. "Acreditaram no nosso projeto. Alguns deles até acharam que deveríamos ficar mais um ano na Série C para pegar experiência", afirmou.
Os dois acessos seguidos fazem o Operário sonhar com um terceiro, algo inédito no País. O exemplo mais recente de salto rumo à elite foi da Chapecoense, que passou da Série C para a Série A em duas temporadas seguidas. A Chape serve de inspiração. "Vamos nos reunir com a diretoria da Chapecoense nas próximas semanas para ouvir a experiência deles", disse Góes. O Operário quer investir cerca de R$ 600 mil para reformar o estádio Germano Kruger para a Série B. O cuidado especial será com os vestiários, gramado e iluminação.
O técnico Gerson Gusmão é outro grande responsável pela reação do clube. No cargo desde março de 2016, ele é o treinador mais longevo entre todos os comandantes das três principais divisões do futebol brasileiro.
O ex-auxiliar do clube tem papel fundamental na escolha das contratações. Os reforços são escolhidos a partir do banco de dados que Gusmão mantém por conta própria nos últimos anos. "Tenho tudo no meu computador. Consigo acompanhar campeonatos de outros países, observar adversários e monitorar com estatísticas a sequência dos atletas", disse.