VAR não diminui reclamações dos clubes contra a arbitragem no Brasileiro

Levantamento do Estado nas 220 partidas realizadas até o início da 23ª apontou 103 queixas dos clubes contra a arbitragem

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Por Ricardo Magatti
3 min de leitura

A implementação do árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês) nesta edição do Campeonato Brasileiro não reduziu o número de reclamações dos clubes. Levantamento feito pelo Estado envolvendo os 220 jogos realizados até o início da 23.ª rodada mostra que a quantidade de queixas permanece alta, mesmo com a presença da tecnologia.

O levantamento se baseou nas súmulas da CBF, informações sobre o andamento dos jogos e entrevistas de jogadores, técnicos e dirigentes para quantificar as reclamações a respeito da arbitragem e quais os tipos de lances motivaram mais queixas. As polêmicas foram tabuladas e separadas em diferentes categorias, como pênalti, expulsão, falta, impedimento, toque de mão, repetição de cobrança de pênalti após o goleiro se adiantar e lateral invertido que originou gol.

Utilização do VAR no primeiro turno do Campeonato Brasileiro não diminuiu as queixas dos jogadores durante as partidas Foto: Fernando Torres/CBF

O trabalho procurou registrar todas as reclamações dos 20 times, não apenas os lances em que o VAR foi acionado e não levou em consideração se a decisão do árbitro naquele momento foi a correta ou não.

Foram computadas 103 queixas nas 220 partidas analisadas, isto é, uma média de 0,46 queixa por jogo. Segundo a análise, 63 partidas suscitaram algum tipo de protesto, seja de jogador, técnico ou dirigente, o que significa dizer que houve chiadeira em 28% dos confrontos analisados.

A reclamação por marcação ou não marcação de penalidades é a mais recorrente dos clubes em relação à arbitragem - foram 54 protestos por esta razão contra 29 por conta de expulsões e seis por impedimentos. 

Com 13 reclamações, o Fluminense lidera a lista em relação às decisões dos homens do apito, à frente do Vasco, que contestou oito marcações. Athletico-PR, Botafogo, Fortaleza e Internacional vêm na sequência, com sete queixas cada um.

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No ano passado, quando os juízes de campo ainda não podiam recorrer ao árbitro de vídeo, o Estado mostrou que houve 141 contestações dos 20 clubes da Série A em 310 jogos analisados, uma média de 0,45 protesto por partida, números muito parecidos com os da atual edição da competição.

Neste ano, a 22.ª rodada foi a que registrou mais polêmicas. Uma delas foi o gol anulado do Palmeiras no empate em 1 a 1 com o Internacional, no Beira-Rio. Após consultar o monitor, o árbitro catarinense Braulio da Silva Machado enxergou toque no braço do atacante Willian na origem da jogada e invalidou o gol marcado por Bruno Henrique, o que deixou os palmeirenses indignados.

Após a partida, o presidente do clube paulista, Maurício Galiotte, se mostrou revoltado com a decisão da arbitragem e indicou que o Flamengo, atual líder do torneio nacional, tem sido favorecido pelos árbitros. "Estamos pedindo critério, justiça. Vamos disputar o campeonato de forma séria, mas que a arbitragem também atue de forma séria", disse o mandatário na ocasião. "Em muitos lances, é só vocês fazerem um levantamento, o VAR não tem atuado em jogos do Flamengo, isso é fato".

O mandatário palmeirense foi recebido na sede da CBF, no Rio, na quinta-feira. A entidade admitiu que a arbitragem errou no lance envolvendo Willian. A interpretação é de que o gol foi bem anulado, tendo em visto o que diz a atualização da regra em relação aos toques de mão bola no ataque, mas o jogo deveria ter sido reiniciado com falta na entrada da área a favor do time alviverde - mesmo assim, o vídeo do gol foi enviado para análise da Fifa.