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Por Antero Greco
Atualização:

Um técnico italiano e um brasileiro ganharam destaque recentemente e são exemplos de vida. Claudio Ranieri e Ricardo Gomes servem de modelos para ilustrar episódios de superação e persistência. Com direito a final feliz, como consequência de trabalho e competência, sem componentes melodramáticos, mas sem pieguice.

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Ranieri está na estrada, na função de treinador, há mais de duas décadas. Dirigiu todo tipo de equipes – de coadjuvantes a potências como Juventus, Inter, Roma, Napoli, Atlético de Madrid, Chelsea. Assuntou até na seleção da Grécia, em passagem relâmpago em 2014. Títulos no currículo? Alguns, de pequena monta. Nada de proezas extraordinárias.

Ranieri em outubro completará 65 anos e o destino lhe reservava a condição de professor de segunda linha. Mais para quebra-galho do que para catedrático da bola. A reviravolta veio agora, com a taça do Campeonato Inglês conquistada com o Leicester, equipe que até dias atrás não passava de figurante no próprio país. Ranieri virou personalidade VIP no mundo da bola.

Ricardo Gomes tem 51 anos e pouco antes de festejar 47 sofreu AVC. Foi em 2011, época em que dirigia o Vasco, depois de experiências em clubes como PSG, Bordeaux, Flu, Fla, São Paulo e outros. Assim como Ranieri, sem portfólio portentoso no quesito taças. O entrave físico custou-lhe quatro anos de batalha pela sobrevivência e tinha tudo para truncar-lhe a carreira.

Ricardo voltou à ativa no segundo semestre do ano passado, a convite do Botafogo. Com alguma dificuldade na fala e nos movimentos, conduziu o time ao título da Série B e, por extensão, o retorno à elite nacional. No final de semana, disputou a decisão do estadual do Rio, que ficou com o Vasco.

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O bom trabalho rendeu-lhe proposta para o desafio de colocar o Cruzeiro no prumo. Ricardo agradeceu, comovido, e avisou que ficaria no Botafogo, por dívida de gratidão. Recebeu aumento e a promessa de que continuará a contar com respaldo. Atitude digna, delicada e simpática de ambas as partes.

Ranieri firmou-se na Inglaterra, um dos centros mais importantes do futebol, numa idade em que muitos profissionais são descartados por “velhice”. Sociedades ocidentais tendem a interpretar os cabelos brancos como sinal de decrepitude e estagnação produtiva e intelectual. Detecta-se incapacidade onde se acumula experiência. O Leicester acreditou nele e obteve feito inédito. Ranieri ganhou estímulo para novas aventuras no surpreendente nanico.

Ricardo Gomes reergueu-se com a mão estendida pelo Botafogo. E, o mais importante, não se tratou de atitude de complacência. O clube não agiu por piedade, mas por acreditar na possibilidade de ele retomar caminho promissor. Não se incomodou com a fala às vezes entrecortada nem com limitações físicas. O raciocínio se manteve intacto, assim como o caráter. Então, bola pra frente!

Ranieri e Ricardo são vencedores.

Sobra um. São Paulo e Atlético-MG fazem o único confronto entre brasileiros na versão 2016 da Libertadores. O ganhador avança para a semifinal, com razoável perspectiva de desembocar na decisão continental.

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Ambos fizeram trajetórias diversas. Os são-paulinos cumpriram etapa preliminar, oscilaram na fase de grupos e surpreenderam nas oitavas, na surra de 4 a 0 aplicada no Toluca, no Morumbi. O Galo passou sem sustos na chave dele e, em seguida, ignorou o Racing. Chega embalado para as quartas, apesar de um tanto abalado pela perda do título mineiro no tira-teima com o América.

Na frieza dos números, o Atlético surge com ligeiro favoritismo. Na prática, há nivelamento, porque é clássico nacional. Nessas horas, a rivalidade, a história, a tradição pesam. Contam muito, também – e como! –, estratégia inteligente, bom preparo físico e controle emocional.

Para o São Paulo, com força total no Morumbi, a opção saudável é a de impor-se, e bem, como ocorreu contra mexicanos e River. Placar apertado por aqui significa risco tremendo, pois a parada em BH é tremenda.

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