Em sua primeira temporada no Real Madrid, já colecionando algumas capas dos principais jornais da Espanha, o garoto Vinicius Junior fez uma projeção animadora para seus fãs e torcedores do Brasil. Quer ser o melhor do mundo quando atingir 25 anos. O último brasileiro a conseguir o feito, em eleição na Fifa, foi Kaká, em 2007, quando defendia o Milan. De lá para cá, os atletas do País perderam a relevância. Quem mais chegou perto do trono foi Neymar.
Vinicius Junior sempre teve sorriso fácil. Ele e Lucas Paquetá vivem situações parecidas. São amigos e deveriam estar juntos na seleção brasiliera. “E lá vamos nós, do jeito que sonhamos”. Assim que soube de sua convocação ao lado de Vinicius para os amistosos do Brasil, contra Panamá e República Checa, sábado e na próxima terça, Paquetá fez um post em suas redes para celebrar o momento.
O feito também marcava a rápida consolidação das duas “crias da Gávea” no futebol europeu. Eles deixaram para trás aquela história de período de adaptação e a pressão de suas transferências milionárias para brilhar na Europa. Um no Milan e o outro no Real. Uma lesão no tornozelo sofrida por Vinicius, porém, adiou a parceria no Brasil. Afastado e sem previsão de retorno, a joia do Real faz planos para ser o melhor do mundo em sete anos, período que não terá mais pela frente a dupla Cristiano Ronaldo (34 anos) e Messi (31 anos).
A projeção parece ambiciosa, mas não impossível se ele mantiver evolução meteórica da carreira aos 18 anos. “Com 25, 26 anos (acho que é possível ser o melhor do mundo). Já estou jogando com os melhores. Creio que com 25 ou 26, estarei fazendo as coisas bem e acredito que atuando aqui com jogadores que me ajudam, eu posso ganhar, sim, a Bola de Ouro”, comentou em entrevista à rádio Cadena Ser.
Os passos de Vinicius Junior no futebol são um caso à parte. Com 16 anos ele foi contratado pelo Real por 45 milhões de euros (R$ 164 milhões na época) e teve de ficar no futebol brasileiro até completar a maioridade. O desembarque na Espanha veio apenas em julho de 2018, cercado de muita incerteza.
Existia dúvida se ele faria parte do elenco principal ou seria emprestado. A decisão foi deixá-lo na equipe B e dar chance em treinos para acompanhar de perto seu desenvolvimento.
“Desde que chegou, ele vem sendo ajudado por seus companheiros. Tem talento, trabalha e gosta de aprender. Tento sempre dar conselhos. É um garoto muito receptivo”, disse o então técnico do clube, Santiago Solari. O argentino, aliás, tem papel fundamental no sucesso de Vinicius. Ao contrário de Lopetegui, que o deixava fora dos jogos, assim que assumiu como treinador, Solari deu chances logo de cara para o brasileiro, que era seu comandado no time B.
Com mais tempo em campo, vieram as boas atuações, a titularidade e o protagonismo. Antes da lesão, Vinicius Junior mandou para o banco o galês Gareth Bale e espanhol Asensio.
Há mais de 20 anos, o atacante Sávio passou por processo parecido. Após surgir como uma dos maiores destaques de sua geração, trocou o Fla pelo Real Madrid. Ao Estado, o agora comentarista apontou a adaptação fora de campo como um dos segredos para Vinicius trilhar uma longa carreira na Europa.
“Ele tem de se adaptar cada vez mais ao estilo Real Madrid e à cultura da Espanha. Quanto mais ele aprende fora de campo, mais vai refletir dentro. Eu sempre tentava absorver o máximo de tudo”, disse o ex-jogador, três vezes campeão da Liga dos Campeões pelo Real.