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"Vôo da muamba" no relatório da CPI

Por Agencia Estado
Atualização:

O ?vôo da muamba?, como ficou conhecida a viagem que trouxe dos Estados Unidos a Seleção Brasileira que conquistou o tetracampeonato, na Copa do Mundo de 1994, será um dos pontos polêmicos do relatório final da CPI da CBF/Nike. A apresentação do relatório, ao qual a Agência Estado teve acesso, pelo deputado Silvio Torres está prevista para quarta-feira e a idéia da CPI é sugerir ao Ministério Público o indiciamento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, por responsabilidade "direta" na sonegação de impostos. O "vôo da muamba" acabou sendo barrado no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, porque não houve recolhimento de imposto sobre bens adquiridos no exterior pela comitiva, "como qualquer cidadão", segundo o relatório da CPI. Depois das ameaças de alguns jogadores de "jogar fora as medalhas" e até se negarem a desfilar "em carro aberto", comemorando as conquista do tetra, "uma ordem de Brasília, diretamente do governo federal" acabou permitindo que a "bagagem passasse sem ser revistada", segundo o relatório. De acordo com documentos da CPI, "a CBF pagou, por meio do cheque 32.540, de 21 de outubro de 1996, a quantia de R$ 46.209,60, pelo ICMS devido". Mas, ainda de acordo com o relatório da CPI, "quem deveria pagar, não pagou?. A CBF arcou com o ICMS de todos os passageiros do vôo". Ainda de acordo com o relatório, "A CBF realiza gastos que ultrapassam a sua responsabilidade e que ficam a critério dos interesses do presidente ou de algum diretor". O relatório aponta alguns dos beneficiados "com as benesses da CBF", como o jogador Branco, que trouxe uma "cozinha completa, avaliada, segundo o relatório, em US$ 18 mil, ?enquanto que o limite legal era de US$ 500", lembra o documento. Além de Branco, aparecem também como beneficiados pela CBF o funcionário Alexandre Silva da Silveira; a secretária particular de Ricardo Teixeira, Gláucia Feijó Fernandes; o motorista Odair Araújo Silva e o médico Américo Faria. Para o presidente Ricardo Teixeira, o relatório reserva a responsabilidade de haver adquirido "equipamentos para sua choperia, El Turf?. O relatório denuncia ainda que as caixas com esse material teriam sido filmadas no aeroporto, pela Infraero, mas que a fita teria sido ?cortada", desaparecendo com isso "as provas". A CPI da CBF/Nike já convocou reunião para esta quarta-feira para "apresentação, discussão e votação do relatório final", dos trabalhos da comissão. A expectativa do relator Silvio Torres é "que algum integrante da comissão peça vistas" do relatório. Segundo o regimento interno das CPIs, havendo o pedido de vistas, o prazo para nova reunião será de duas sessões da Câmara dos Deputados. Com isso, só a partir da segunda-feira, dia 11, é que a CPI poderá dar início à votação. "Na pior das hipóteses o relatório terá de ser votado até quarta-feira", acredita Silvio Torres.

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