
13 de janeiro de 2016 | 17h57
Quando Wendell Lira desembarcou ontem à tarde no aeroporto Santa Genoveva, com cinco horas de atraso, mais de 300 torcedores do Vila Nova gritavam o seu nome. Dois dias depois de derrotar o argentino Messi e o italiano Florenzi na disputa pelo troféu de gol mais bonito de 2015, o atacante estava de novo em casa.
Voo atrasa e Wendell chega à tarde
O primeiro abraço foi na mãe, Maria Edileuza, e também o mais longo. “Minha mãe é tudo na minha vida. Ela abdicou de tudo para que eu e meu irmãos pudéssemos realizar nossos sonhos. Só tenho a agradecer a ela”, afirmou.
Depois de abraçar os irmãos e matar a saudade da filha Marcela, de dois anos, que não pôde viajar com ele e a esposa para Zurique, posou para fotos segurando o choro. Agarrado ao troféu Puskás, Wendell foi em direção aos jornalistas. “Mudou tudo na minha vida. Foi como um furacão que passou, mas que veio para o bem.”
O gol foi marcado com a camisa do Goianésia em março do ano passado em uma partida pelo Campeonato Goiano. Quando Wendell foi indicado ao prêmio da Fifa estava desempregado, ajudava na lanchonete da mãe e também vendia panos para poder comprar fralda e leite para a filha.
De lá para cá, foi contratado pelo Vila Nova, levou a esposa para a cerimônia da Bola de Ouro na Suíça e realizou a viagem de lua de mel que não puderam ter antes. Conheceu pessoalmente os ídolos Cristiano Ronaldo, Kaká, Marcelo, Neymar, entre outros badalados nomes do futebol internacional. E, para finalizar, derrotou o melhor jogador do mundo, Lionel Messi, na disputa pelo gol mais bonito do ano.
Depois de sair do aeroporto, Wendell foi para o estádio do Vila Nova – onde deu entrevista coletiva e posou para fotos com a camisa do time e segurando o troféu que trouxe da Suíça. Ele deveria ter feito o trajeto em carro aberto, mas a programação teve de ser alterada por causa da chuva. O encontro que ele teria com o governador Marconi Perillo (PSDB) foi adiado para hoje.
O presidente Guto Veronez disse que ainda não recebeu nenhuma proposta oficial pelo atacante. E garantiu que a multa pela recisão do contrato seja de apenas R$ 50 mil, valor mencionado inclusive por alguns assessores do clube. “Não posso dizer, mas o valor é bem mais alto do que esse.”
Ele conta com Wendell para a estreia no Estadual contra o Goiás no dia 31, e acredita que a situação só será diferente se chegar uma proposta muito boa de um clube chinês.
A volta ao trabalho está marcada para amanhã, quando treinará em dois períodos. Enquanto isso, Wendell volta à rotina normal e treina amanhã com o Vila Nova em dois períodos.
RECEPÇÃO
Com faixas de apoio, as primas Kamila e Karynne Lira aguardavam no salão de desembarque desde 9h. A tia, Jaciara Lira, funcionária do Ministério da Saúde, recebeu liberação no trabalho para acompanhar a chegada do sobrinho. "Lá no trabalho, todos acompanharam a premiação comigo. Hoje me liberaram para vir buscar o Wendell, porque estão todos felizes por ele", conta Jaciara.
Logo se uniram a elas outras tias, os irmãos, o padrasto e a mãe de Wendell. A chegada estava prevista para a parte da manhã, mas com atraso no voo de Lisboa para São Paulo, ele acabou chegando apenas à tarde. O atraso colaborou para reunir ainda mais pessoas no saguão do aeroporto Santa Genoveva, que já estava tomado também por jornalistas de vários cantos do país.
A família, que passou o dia por ali, foi assediada por passageiros, torcedores e repórteres. "Já perdi a conta de quantas entrevistas dei hoje, se eu não pedisse para parar, ia acabar ficando sem almoço", disse a mãe, Maria Edileuza.
Com a notícia da chegada do jogador premiado, mais curiosos e torcedores se acumulavam. Roberto Silva, 39, estava de passagem em Goiânia e decidiu esperar para ver a chegada da nova estrela do futebol brasileiro. Ele conta que participou da votação da Fifa, aberta ao público pela internet. "Não poderia deixar de votar. Brasileiro não desiste nunca e ninguém quer ver um argentino na nossa frente", brinca. Wendell concorria com o argentino Lionel Messi e o italiano Florenzi.
O aposentado Alfredo de Souza, 61, veio ao aeroporto exclusivamente para receber Wendell. "Qual goiano não estaria feliz com a conquista dele?", indagou. Ele conta que acompanha a carreira do jogador desde que foi revelado pelo Goiás. Questionado se o gol mais bonito foi o de Wendell ou do Messi, ele não teve dúvidas. "O do Wendell, com certeza. O gol do Messi foi trabalhado, mas o gol do Wendell acontece de cem em cem anos."
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