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A angústia da fluência

Boleiros

Por Daniel Piza e daniel.piza@grupoestado.com.br
Atualização:

Hoje começa a Libertadores para o São Paulo, time que tem sofrido para reencontrar o futebol eficiente do ano passado. Se jogar contra o Nacional Medellín, na Colômbia, o que jogou contra o Noroeste, domingo, voltará com derrota. Embora seja o clube brasileiro mais consciente das necessidades de continuidade e planejamento, sua adaptação às novas contratações não tem sido fácil. O caso, além de comprovar que os "grandes" estão tropeçando em si mais do que nos "pequenos", mostra de novo quantas variáveis cabem no futebol. Dos titulares de 2007, o time perdeu Breno, Souza e Leandro. Breno é ótimo zagueiro, tanto que Juninho, que não atuava em linha no Botafogo, tem sofrido para substituí-lo; para complicar, Alex Silva está contundido. Souza e Leandro não são grandes jogadores, mas corriam muito, faziam aproximações e protegiam a bola. Sem eles, o time ficou menos compacto; basta ver como Jorge Wagner, embora competente nas cobranças de falta e escanteio, tem errado nos passes. Carlos Alberto foi o único meia contratado (se é que Hernanes não pode vir a ser esse meia, em vez de volante), mas está fora de forma e é mais individualista. Na frente, Adriano, mais goleador do que Aloísio, tampouco sabe tocar de primeira e insiste demais no cabeceio. Com tudo isso, mais alguns equívocos de Muricy como escalar Richarlyson de zagueiro (não por acaso expulso num lance em que estava como último homem de marcação), o time perdeu aquilo que tinha de melhor no ano passado: fluência, sincronia, entrosamento. É claro que tem um elenco competitivo - e a vinda de Éder Luís, do Atlético-MG, é obviamente para abrir disputa pela vaga de segundo atacante, pois Dagoberto ainda não realizou seu potencial - e que pode melhorar para avançar na Libertadores. Mas é bom que seja logo. DÉRBI DOMINICAL Domingo tem Corinthians x Palmeiras. O Palmeiras tem melhor elenco, o Corinthians vive melhor momento. Como o São Paulo, o Palmeiras ainda não encontrou a afinação entre os jogadores que ficaram e os que chegaram. Tem bons zagueiros, volantes e alas, tem Diego Souza e Valdívia - que não é craque, mas um raro jogador que ainda toma decisões surpreendentes com a bola nos pés -, tem enfim um jogador com faro de gol, Alex Mineiro, etc. Mas falta coordenar meias e alas, marcar mais adiantado e não deixar que a apatia surja antes da vitória garantida. O Corinthians, por sua vez, acertou o sistema de marcação, mas padece demais para fazer gols. Sua esperança está no contra-ataque veloz com André Santos e Lulinha às costas de Élder Granja e Leandro. A ver. TIPOS DE COMENTARISTAS Raras vezes recebi tantos emails como depois da coluna da semana retrasada sobre os tipos de comentaristas, mostrando que há aí uma insatisfação represada e tanto. Destaco o de Walter Cereja Pinto, que propôs um quarto tipo: "Chamo de comentaristas de oportunidade: aqueles que não se sentem constrangidos em mudar totalmente sua análise em face da alteração do resultado da partida, muitas vezes por lances fortuitos, lances de pura sorte e até mesmo por erros do juiz." Boa. Mais do que um tipo de comentarista, porém, esse é o problema da opinião em geral: o medo de se comprometer, de olhar os fatos como eles são. Não à toa é mais conveniente, meu caro Antero Greco, encaixotar-se em uma categoria.

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