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A arma secreta militar dos Giants

Métodos utilizados na Força Aérea dos EUA ajudaram equipe a superar dificuldades e conquistar o Super Bowl

Por Valeria Zukeran
Atualização:

NOVA YORK - Quando uma grande empresa não vai bem das pernas ou não está evoluindo da forma que deveria é comum que seus dirigentes recorram aos serviços de consultoria para detectar e solucionar os problemas. Se funciona no meio corporativo, porque não com equipes no esporte? Foi o que pensou a diretoria do time de futebol americano do New York Giants. Ela recorreu a um método usado na Força Aérea dos Estados Unidos para iniciar a virada que resultou, há algumas semanas, na surpreendente vitória Super Bowl e, consequentemente, o título da temporada da Liga de Futebol Nacional (NFL). Os dirigentes dos Giants contrataram uma empresa acostumada a trabalhar em grandes multinacionais, a Afterburn, para resolver suas dificuldades. Seu proprietário é um ex-piloto da Força Aérea, Jim Murphy, que ao lado de outros ex-militares ministra palestras e oferece como diferencial aplicar lições da vida da caserna ao mundo empresarial. "A ideia surgiu porque, antes de ser piloto, trabalhei dois anos em ambientes corporativos", explica. Mas, ao contrário do que se possa pensar, seu método pouco tem a ver com apitos, gritos e a disciplina rígida difundida nos filmes de guerra. O elemento principal é a conversa.Murphy desenvolveu um método que batizou de Flawless Execution (na tradução para o português, Execução sem Falhas). No caso específico dos Giants, ele diz ter percebido que a comunicação interna - entre dirigentes, comissão técnica e atletas - tinha problemas. "Como eles não se falavam, não conseguiam detectar porque certas coisas davam errado e, em alguns momentos, nem mesmo porque outras estavam davam certo", lembra Murphy. "É muito importante é que os gerentes coloquem para os funcionários as metas com o maior número de detalhes possível. Quanto mais precisos os detalhes, mais próxima da perfeição é a execução de por quem faz o trabalho."Detectada a falta de comunicação interna, todos trabalharam para sanar o problema, mas havia também um entrave específico dentro do grupo de atletas. Murphy percebeu que faltava interação entre os mais jovens e os mais experientes e optou por trabalhar com o líder do time, o quarterback Eli Manning . "Descobrimos que os atletas mais novos tinham certo receio de falar com ele - ficavam intimidados mesmo - por medo de não serem aceitos."Colocando Manning na posição de "gerente", Murphy estimulou o uso do debriefing. O método, na Força Aérea, consiste na reunião dos pilotos após uma missão e todos, ignorando nome e patente, falam abertamente dos erros que cometeram durante as ações e o que vão procurar fazer para melhorar em uma próxima oportunidade.Manning e o defensor Justin Tuck passaram, então, a promover reuniões entre os atletas após as partidas sem a presença de técnicos ou dirigentes. Duravam de 20 minutos a uma hora e todos falavam. "Eu não estava gerenciando ninguém. Estava apenas gerenciando a mim mesmo - o que eu precisava fazer - e dizendo para todos. E então todos falavam o que eles precisavam melhorar", contou o quarterback à revista norte-americana Sports Illustrated sobre o método. Pior para os adversários, em especial o quarterback do New England Patriots e marido da modelo brasileira Gisele Bündchen, Tom Brady. Apesar do favoritismo, perderam para os Giants por 21 a 17 e Manning saiu de campo consagrado. "A grande parte do porque estamos aqui é que nenhum dedo foi apontado e isso não acontece com frequência", observou o defensor Mathias Kiwanuka para a mesma publicação durante a festa da vitória do Super Bowl.Com esta experiência bem sucedida, Murphy não esconde que quer 'vender seu peixe' no Brasil e ampliar seus horizontes. A princípio, os clientes preferenciais estão grandes empresas. "O Brasil é um País em grande expansão e acho que pode ser um mercado interessante", observa. O português ele está aprimorando com a mulher, que é brasileira e gaúcha, como Gisele.

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