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A Fifa desencanou

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Por Wagner Vilaron
Atualização:

Logo após a divulgação das seis cidades que serão sede da Copa das Confederações, conversei ao telefone com um dos representantes da Fifa no Brasil. Papo vai, papo vem, meu interlocutor fez uma revelação que achei curiosa, realista, mas extremamente preocupante.Disse ele que o secretário-geral da Fifa, o polêmico Jérôme Valcke, desembarcou no Brasil com várias recomendações, duas delas consideradas especiais. A primeira – e óbvia – é evitar novas polêmicas. A segunda – e a mais interessante – foi esquecer o cenário que Zurique considerava ideal e trabalhar com o que for possível na atual realidade brasileira.Em outras palavras, a Fifa desencanou. A cúpula da entidade percebeu que quebraria a cara se insistisse em impor seu método de organizar um evento na América do Sul. Na prática, Valcke, Blatter e cia. foram apresentados, ou melhor, se renderam ao nosso famoso cromossomo latino, aquele traço de nosso DNA que nos faz refratários à virtude da organização. Prevaleceu o jeitinho brasileiro. Há quem ache isso legal, engraçado. Esse jornalista lamenta profundamente.Caso OscarPronto! R$ 15 milhões na mão foram suficientes para colocar um ponto final na polêmica que envolveu o meia Oscar, o São Paulo e o Internacional. Até aí, sem novidades. Estava evidente que o acordo não era uma questão de conceito, mas de preço. O que mais chamou minha atenção, no entanto, foram as reações que sucederam o anúncio do “final feliz”.De um lado os são-paulinos, dirigentes e torcedores, que batiam no peito dizendo-se vitoriosos, uma vez que impediram que o jogador saísse de graça. Do outro, o staff do atleta exibia comportamento bem parecido, orgulhoso por fazê-lo ficar onde queria, ou seja, no Beira-Rio.Bobagem. A reação festiva das partes e daqueles que se envolveram no processo, seja por interesse ou por simpatia a um dos lados da briga, provoca mais constrangimento do que admiração. Parece aquele boxeador que apanha a luta inteira, fica com o olho roxo e o supercílio aberto, mas, quando o gongo toca, ergue os braços triunfante, como se aquela vil demonstração de confiança fosse influenciar no julgamento dos juízes e do público.A maneira como a história foi conduzida deixa claro que todos perderam. A diretoria do São Paulo sempre disse que gostaria de ter o atleta de volta. Não é para menos. Oscar é craque e certamente daria retorno fantástico dentro e fora do campo, com títulos e negociação milionária, bem maiores do que os R$ 15 milhões (US$ 7 milhões, ainda dinheiro de pinga no mercado internacional). Do lado do atleta, talvez o exemplo sirva para que a categoria reflita e pare com aquela história de tratar contrato apenas como uma formalidade.Seleção brasileiraMuitos vão dizer que o bom momento da equipe de Mano Menezes (após a vitória por 3 a 1 sobre a Dinamarca, ontem goleou os EUA por 4 a 1) deve-se à boa marcação na saída de bola do adversário ou a alguns destaques individuais, caso de Oscar. Tudo isso é verdade. Porém, a maior virtude de Mano foi acertar o discurso e fazer com que os jogadores tenham “comprado” sua ideia sobre como montar o time e o espírito necessário para jogar uma Olimpíada.

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