A lição dos primeiros testes: piloto trabalhará ainda mais

A opinião é de Felipe Massa, depois de treinar com a nova Ferrari F60, em Mugello, Itália, por dois dias

PUBLICIDADE

Por Livio Oricchio
Atualização:

Depois de duas semanas de testes com os carros concebidos para o novo e revolucionário regulamento da Fórmula 1, Felipe Massa definiu a experiência de maneira bastante objetiva: "Será como guiar um kart, exigirá maior habilidade dos pilotos." Já Kimi Raikkonen, companheiro de Massa na Ferrari, não atribui ao Kers, sistema de recuperação de energia, a importância decisiva que muitos acreditam. "Ele atua por tão pouco tempo", explicou. Se nas temporadas passadas os testes que antecedem a abertura do campeonato costumavam despertar grande interesse, agora com tantas e radicais mudanças nas regras do jogo as próprias equipes necessitam, o mais rápido possível, compreender os novos desafios. A Ferrari foi a primeira a lançar o F60, dia 12, em Mugello. A seguir vieram Toyota, os campeões do mundo, McLaren, e na sequência Renault, Williams e BMW. A chuva atrapalhou muito o planejamento de todos. A Ferrari permaneceu em Mugello, enquanto McLaren, Renault, Toyota e Williams foram para Portimão, Portugal, e a BMW treinou sozinha em Valência. Algumas evidências já puderam ser percebidas nesses ensaios, como a descrita por Massa. "Trocamos um carro capaz de gerar grande pressão aerodinâmica por um kart." A intenção da FIA ao impor várias restrições aerodinâmicas foi a de reduzir em 50% a pressão gerada. Massa confirma que os piloto terão de trabalhar bem mais este ano para manter o carro na pista. "É possível que cresça o número de erros." A potência extra oferecida pelo Kers, entre 60 e 80 cavalos por cerca de seis segundos por volta, "o que está gerando investimentos incompatíveis com o momento econômico", segundo Bob Bell, diretor-técnico da Renault, não determinará, por si só, o vencedor de uma corrida. A opinião é do campeão do mundo de 2007, Raikkonen. A Ferrari avançou no seu Kers, mas mesmo assim não entusiasma o finlandês. Outras constatações já surgiram também: "O novo aerofólio dianteiro, mais largo, pode gerar mais acidentes", previu Robert Kubica, da BMW. Ele tem agora 180 cm de largura em vez de 140. Os toques tendem a ser mais frequentes. O responsável pelo projeto da Toyota, Pascal Vasselon, comentou que diante de tantas mudanças, "vencedor será quem levar o carro até o final das corridas". E por essa razão já anunciou que a Toyota não vai usar o Kers no começo. "O importante, agora, é acumular quilometragem com os novos carros." O desenvolvimento dos projetos nunca foi tão acelerado como este ano. "Não poderemos treinar durante o campeonato. O que temos de alterar no carro é agora, nas cinco sessões de testes que teremos até a viagem para a Austrália", diz Aldo Costa, diretor-técnico da Ferrari. "Muita gente utilizará os treinos livres de sexta-feira nos fins de semana de GP para testar novos componentes." As equipe voltam aos treinos em duas semanas nas pistas de Jerez de la Frontera, Espanha, e Bahrein.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.