A matemática está a favor do fenômeno Hamilton, mas...

O experiente Fernando Alonso vem com a faca entre os dentes e Kimi Haikkonen espera por uma surpresa

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Por Livio Oricchio
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A matemática joga a favor de Lewis Hamilton, hoje, na definição do título. Afinal, ao longo das 16 etapas disputadas, venceu quatro vezes e chegou em mais oito ocasiões ao pódio. E o jovem inglês é um estreante. Somou 107 pontos. Mas seu companheiro na McLaren, Fernando Alonso, bicampeão e experiente em disputar finais de campeonato, vem com a faca entre os dentes, 103 pontos, depois do abandono de Hamilton no GP do Japão, no seu primeiro erro capital no campeonato até agora. Kimi Raikkonen, da Ferrari, é o goleiro na hora do pênalti. Se defendê-lo, ou vencer a prova, e Hamilton e Alonso colaborarem e não forem bem, celebra a conquista pouca esperada. Mas se não for o campeão, ou seja, Hamilton ou Alonso fizerem o gol, não surpreenderá ninguém. Com 100 pontos na classificação, está mesmo difícil. Ainda na corrida de Melbourne, a primeira do ano, Hamilton mostrou suas cartas à Fórmula 1. A McLaren não tinha muito o que fazer contra a Ferrari. Raikkonen ganhou fácil. A vantagem dos italianos era tal que restou a Alonso e ao piloto inglês a luta pelo segundo lugar, já que Massa teve problemas na classificação. Foi naquele momento, em especial, que Alonso descobriu no companheiro um adversário que faria muita gente rever seu conceito a respeito do espanhol. Hamilton terminou em terceiro, atrás de Raikkonen, e não sem dar um sufoco em Alonso, na sua estréia na Fórmula 1. O jovem de 22 anos apenas não terminaria entre os três primeiros na seqüência na etapa de Nurburgring, a décima, igualando-se a séries seguidas de pódios a ninguém menos que Ayrton Senna, seu ídolo. "Compreendi melhor a extensão do que conquistei quando me disseram que meus números se comparavam aos de Senna." Depois disso, Hamilton ainda venceria na Hungria e no Japão. Por mais que o critiquem, que digam que desembarcou na Fórmula 1 no melhor carro, que é piloto criado em laboratório por Ron Dennis, ou ainda que recebe penas brandas da FIA, esta procedente, bem poucos fariam o que realizou este ano, tendo como adversário direto o excepcional Alonso. A maioria na Fórmula 1 vê como muito justo se Hamilton for, hoje, campeão. Precisará, contudo, controlar os nervos depois do erro em Fuji. Ninguém sabe como ele reage depois de equívocos como os cometidos com sua equipe no Japão. Há um consenso entre técnicos, dirigentes e até na imprensa que cobre a Fórmula 1: Alonso é o piloto mais completo, em atividade. Veloz, regular, ótimo acertador de carro, determinado. Este ano revelou um lado desconhecido: parece não saber perder. Procura justificar as derrotas para Hamilton através de suposto tratamento diferenciado da McLaren com o companheiro. Não há quem acredite nisso. Apesar de estar 4 pontos atrás, pela sua competência extrema e experiência, tem chances semelhantes às de Hamilton de ser campeão, o que seria o terceiro título seguido desse extraordinário piloto, mas agora um tanto chorão. Ron Dennis pode processá-lo, nos próximos dias, por denegrir a imagem da McLaren, rompendo totalmente com o asturiano. Raikkonen teve começo de campeonato difícil na Ferrari. Equipe, carro, pneus, metodologia de trabalho, tudo novo. Só pegou mesmo a mão do F2007 e dos pneus Bridgestone na segunda metade do Mundial. E cresceu. Do GP da Hungria para cá, seis etapas, esteve sempre no pódio. É, hoje, o azarão para ficar com o título, mas nem de longe para vencer o GP do Brasil. Hamilton e Alonso que tratem de fazer seu papel, caso contrário o resultado do campeonato será surpreendente.

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