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A reafirmação ''dos mano''

Boleiros

Por Antero Greco e antero.greco@grupoestado.com.br
Atualização:

Quando Mano Menezes desembarcou no Parque São Jorge, em dezembro, não faltaram brincadeiras a respeito de seu nome. Corintianos e milhões de rivais diziam que se tratava do cara certo para dar jeito ''nos mano''. A Fiel falava a sério e esperançosa, pois ainda curava as feridas do descenso, e a moral estava mais pra baixo do que a Série B. Os outros apenas se divertiam com a desgraça alvinegra. Pois não é que, cinco meses e tanto depois, o Mano gaúcho mudou o astral ''dos mano'' paulistas? Nem parece que o Corinthians disputa a Segunda Divisão, estágio de purgação para um clube que ostenta em seu currículo até um título mundial - pelo menos é o que diz a Fifa... No Paulista, as coisas não andaram bem e os corintianos ficaram com a pulga atrás da orelha. A virada de ânimo veio com o início retumbante na Segundona (3 vitórias seguidas). Cresceu com a campanha na Copa do Brasil e a perspectiva de conquista de um título expressivo. Não, meu amigo, não acho que o Corinthians esteja num nível de excelência impecável. Longe disso - se bem que, a rigor, na atualidade nenhum time brasileiro possa ser classificado como espetacular. Falhas existem, o elenco não é um primor; até o Mano sabe. Ou melhor, ''os mano'' sabem e se dão por satisfeitos com os resultados alcançados até agora. Mas é inegável que os acontecimentos recentes mostram equipe em reafirmação. Pra começo de conversa, a Série B tem servido de laboratório ideal para Mano remontar o elenco - e não poderia ser diferente. Aqui entre nós: não há sequer um adversário de peso na divisão de Acesso. Neste ano, está uma moleza subir. Em turno e returno, com pontos corridos e quatro vagas em disputa, o Corinthians tem obrigação de fazer bonito. E de garantir o retorno à elite de 2009 já em setembro ou outubro, com antecipação. Nesse meio tempo, a Copa do Brasil era prêmio de consolação num ano de ostracismo. O Corinthians entrou sem grandes pretensões, na base do ''dá licença e desculpe o incômodo''. Como quem não quer nada, atropelou rivais e, ao se dar conta, estava na final. Não o considero favorito a levantar a taça pela terceira vez, porém não importa: vale o renascimento alvinegro. Com a devida permissão de Parreira, o título agora é detalhe. Essa roda-viva de tantos torneios e a necessidade de digerir logo tragédias ou alegrias jogam a favor de Mano. A continuar nesse ritmo, não demora a seguir trilha semelhante à de seu conterrâneo Felipão, que veio do Sul com a fama de pé-quente e ganhou o mundo a partir de São Paulo. Meio sem jeito, o Corinthians ressurge, e nem adiantou os rivais secarem, anteontem, muito menos soltarem rojões no gol do Botafogo. Aliás, essa reação engraçada é um dos aspectos que tornam o futebol bonito, uma curtição para quem tem alma leve. Afinal, trata-se de esporte que nos permite dupla alegria: quando nosso time vence e quando os rivais tropeçam. Quem nunca comemorou uma escorregadela de adversário que atire a primeira pedra. Quem disser o contrário, é rematado cara-de-pau. Tenho cisma com quem se irrita porque rivais ficaram contentes com a queda de seu time. Gente assim não tem espírito esportivo, não curte o futebol como atividade lúdica, de prazer, de confraternização. Tirar onda, sarro, barato (sei lá qual a gíria mais moderna) faz parte do futebol. O resto é comportamento de mau perdedor, é desafinar a própria existência.

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