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A vez dos semideuses nos Jogos Olímpicos de Londres

As expectativas do velocista Usain Bolt, do nadador Michael Phelps e do tenista Roger Federer

Por Wilson Baldini Jr , Amanda Romanelli e Paulo Favero - Enviados especiais
Atualização:

LONDRES - Usain Bolt é sempre uma festa - seja na pista de atletismo, seja em uma coletiva de imprensa com quase 500 jornalistas de todo mundo. O carismático jamaicano, três vezes campeão olímpico em Pequim-2008 (100 m, 200 m e 4 x 100 m), demorou quase 40 minutos para entrar em cena, em sua primeira aparição em Londres. Na entrevista, deixou o ex-recordista mundial Asafa Powell completamente à sombra, fez piadas e afirmou: “Quero medalhas de ouro.”Mas Bolt também teve de dar várias explicações sobre suas condições físicas. As suspeitas de que algo não ia bem surgiram quando o velocista perdeu os 100 m e os 200 m da seletiva jamaicana para o jovem Yohan Blake, campeão mundial da distância mais curta. As dúvidas continuaram depois que a delegação do país foi treinar na cidade de Birmingham, antes de chegar em Londres, e o midiático Bolt não apareceu diante das câmeras.O velocista contou que sofreu com dores nas costas, mas que está curado. “Estou bem e estou feliz”, afirmou. “E não há nenhum mistério. Eu não apareci treinando porque é uma determinação do meu técnico (Glen Mills). Ele não gosta de câmeras.”Bolt, ao contrário, adora os holofotes. Ontem, foi anunciado como porta-bandeira da Jamaica na cerimônia de abertura dos Jogos, na noite de hoje. “É mais uma chance de aparecer na TV”, disse o corredor brincalhão, antes de fazer juras de amor ao seu país. “É uma grande honra. Eu faço qualquer coisa para o meu país, que eu amo tanto. Quero que a festa chegue logo.”Desde Pequim. Bolt afirmou que nada mudou na sua carreira desde que se tornou tricampeão olímpico. “Na verdade, os meus objetivos ainda são os mesmos: eu quero ganhar. Em Pequim, queria fazer aquilo que era necessário para vencer. Fiz, e aqui quero fazer o mesmo.”Mas houve uma pequena diferença nos últimos quatro anos: um adversário em potencial surgiu para retirá-lo do topo. Yohan Blake sucedeu Bolt como campeão mundial dos 100 metros, após o velocista ter sido eliminado da prova com uma largada falsa. Depois, vieram as derrotas na seletivas.Bolt admite que não se sente mais imbatível, embora ainda tenha como desejo se tornar uma “lenda”. Acredita que isso acontecerá, se repetir o triplo ouro em Londres, e que perder na Olimpíada seria uma “grande decepção”. “Eu ficaria muito desapontado de não ganhar. É para isso que venho trabalhando nos últimos dois anos. Mentalmente, sou uma pessoa muito forte, não me importo para o que os outros dizem. Tenho de lembrar que é o ouro que eu quero.”O velocista admite, porém, que a Olimpíada de Londres deve ter os 100 metros mais rápidos da história. Seis atletas correram, neste ano, abaixo dos 9s90: Blake, o líder, tem 9s75; Bolt vem em seguida, com 9s76. Depois, estão o americano Justin Gatlin (9s80), o trinitino Keston Bledman (9s86) e Tyson Gay (9s86). “Os caras estão correndo muito bem nesta temporada”, comentou o campeão jamaicano. Sobre Blake, diz que nada mudou. Os dois treinam juntos na Jamaica e se consideram amigos. "E assim continuaremos. Somos amigos, passamos o dia inteiro juntos. Treinamos saídas, corridas, bloco. Não adiantaria treinarmos separados, porque nos conhecemos desde sempre."FEDERERSimpático, elegante e simples. Foi desta forma que o tenista suíço Roger Federer falou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Londres.Diante de uma sala de conferências abarrotada de jornalistas, o número 1 do mundo lamentou a ausência do rival e amigo espanhol Rafael Nadal, apontou o britânico Andy Murray como favorito à medalha de ouro, mas afirmou estar confiante em sua quarta participação olimpíadas por ter vencido o Torneio de Wimbledon.Federer disse que a Olimpíada é uma competição totalmente diferente das demais, inclusive dos torneios de Grand Slam. “Só ocorre de quatro em quatro anos. Há muita pressão e muito entusiasmo de todos para jogar bem. É um clima incrível e a sensação indescritível.” O convívio com os demais atletas na Vila Olímpica foi destacado por Federer, que revelou seu desejo de assistir a algumas partidas de basquete, vôlei, além de provas de atletismo. “O problema é que a agenda nos Jogos é muito intensa.” Perguntado sobre qual esporte gostaria de jogar, se não fosse tenista, o astro cometeu um erro, mas não se abalou. “Eu gostaria de jogar futebol. É a primeira vez que está na Olimpíada, não?”Federer comparou sua presença em Londres com a de 2004 em Atenas. “Era o favorito, tinha vencido Wimbledon e era o primeiro do ranking. Muito parecido com agora, mas o desempenho de todos nós jogadores é diferente neste momento e comparações não devem ser feitas.” O suíço não descarta a possibilidade de disputar os Jogos do Rio, em 2016. “A mente quer seguir jogando, mas vamos ver como o corpo reage”, afirmou o atleta, que completa 31 anos dia 8.

PHELPSEnquanto uma legião de fotógrafos disparava seus cliques em direção a Michael Phelps, que pode bater em Londres o recorde de medalhas olímpicas de um atleta, o nadador norte-americano sorriu, pegou seu aparelho celular e mirou em direção aos profissionais. Fez piada sobre a situação e garantiu que está emocionado por participar de sua última edição dos Jogos. “Estou mais relaxado que das outras vezes e só quero me divertir.” Dono de 16 medalhas - com mais duas ele iguala a marca da ginasta russa Larisa Latynina -, ele também é o recordista de ouros em uma única edição, com oito.“Nada do que fiz foi fácil, pois sempre é um desafio. Mas estou confiante e não vejo a hora de tudo começar.” Phelps, que pretende competir em cinco provas, sendo que a primeira é o 400 m medley, amanhã, às 6h20 (de Brasília), garante que a ansiedade da estreia é seu principal adversário no momento. Ele conta que vive a expectativa de sua despedida das piscinas “É difícil sentar em uma sala e ficar sem fazer nada, apenas esperando. É por isso que eu fico sentado. Fico muito tempo na sala coletiva, vendo televisão, filme ou mexendo no computador. Estou tentando relaxar o máximo possível. Teve vezes que já fui mais emotivo. Esses vão ser meus últimos momentos de competição da minha carreira, então a emoção é grande. É algo que nunca experimentei.”Aos 27 anos, revela que seu corpo está muito desgastado por tantos anos de treinamento árduo. “Tenho certeza de que eu sentirei mais dores do que há quatro anos. Meu corpo está mais velho, mas preciso tentar me recuperar de uma prova para outra. Farei massagem, usarei gelo e tentarei dormir e descansar o máximo de tempo possível.”

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