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Advogado de Zequinha é preso por desacato

Por Agencia Estado
Atualização:

Foram mais de oito horas de depoimento, entremeadas por uma discussão, que rendeu a prisão de seu advogado, Amadio Resende. Vestido com um uniforme com a bandeira do Brasil, o ex-campeão mundial de atletismo, Zequinha Barbosa, compareceu nesta quinta-feira a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Exploração Sexual para falar sobre seu suposto envolvimento sexual com adolescentes na cidade de Campo Grande (MS). Tal envolvimento é alvo também de um inquérito policial, no qual o atleta foi indiciado por dois crimes: estupro e exploração sexual. Durante a sessão pública, Zequinha negou as acusações. O fim da audiência foi realizado a portas fechadas. Ao chegar, acompanhado por seu advogado, Zequinha leu um documento, em que dizia que qualquer informação somente seria prestada em juízo. Duas horas depois do início do depoimento - em que Zequinha falou sobre a atuação da Fundação Zequinha Barbosa, criada há dois anos no MS - o clima tornou-se tenso. A deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) passou a dizer que não acreditava no atleta. Seu advogado reagiu, pedindo respeito a Zequinha. Foi advertido pela presidente da CPI, Patrícia Saboya (PPS-CE). A convite da senadora, ele levantou-se, dirigiu-se onde estavam os parlamentares que faziam perguntas. Tanto a senadora quanto a deputada Maria do Rosário (PT-RS), sentiram-se ameaçadas. Aos berros, Patrícia pediu que ele se retirasse. "Só saio preso." Seguranças foram chamados e Resende, retirado da sala. Levado à Segurança da Câmara, o advogado foi preso em flagrante por desacato. Dois integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil foram chamados. Eles acompanharam Resende até a Polícia Federal. A expectativa era de que, depois de prestar depoimento, ele seria solto. "Ele colocou o dedo em riste. Tumultou a audiência desde o início, tentando comunicar-se com Zequinha", justificou Patrícia. Depois da prisão de seu advogado, Zequinha passou negar insistentemente em responder as perguntas. Passado algum tempo, no entanto, voltou a dar alguns eslcarecimentos. Ele não confirmou o depoimento dado por seu ex-empresário, Luiz Otávio da Anunciação à CPI. Anunciação havia dito que ambos fizeram um programa com duas menores. Mas garantiu que nenhum dos dois sabia a idade das adolescentes. Fotos nuas das menores foram depois encontradas no escritório da fundação. Zequinha reconheceu que, a pedido de Anunciação, "que estava interessado" visitou a casa de uma das meninas. Segundo ele, a mãe da menina queria conhecê-lo. Embora o atleta tenha falado pouco, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) ficou satisfeita com o depoimento. "Há uma série de pontos coincidentes no depoimento", disse. Para ela, há indícios de que o susposto envolvimento de Zequinha com as adolescentes tenha ido além de um mero programa de uma noite. "Tanto é que ele visitou a casa." Deputados e senadores passaram boa parte do tempo questionando o funcionamento da Fundação Zequinha Barbosa, que atende a 25 crianças em situação de risco. Criada há dois anos, a fundação recebe recursos suficientes para manter 120. Para a deputada Maria do Rosário, pouco se avançou durante a reunião reservada. Integrantes da CPI agora estudam a possibilidade de fazer uma acareação do atleta e de seu ex-assessor.

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