Agora vai?

Grand Prix

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Por Reginaldo Leme
Atualização:

A idéia de que a Toyota está na Fórmula 1 para vencer é algo tão óbvio que nem as mais decepcionantes temporadas de 2003, 2004 e esta última, de 2007, conseguiram desfazer. A montadora japonesa, que disputa dólar a dólar com a norte-americana General Motors o posto de maior do mundo, não entraria como mera participante numa competição que tem cada etapa assistida por 78 milhões de pessoas em todo o planeta. Esta foi a audiência do GP do Brasil do ano passado, menor apenas que a da final do futebol americano, o SuperBowl, visto por 97 milhões de espectadores, mas quase exclusivamente nos Estados Unidos. Este é o lado racional da questão. Mas há ainda o lado emocional, que é a presença da Honda, a grande rival japonesa, que já foi até campeã mundial, como fabricante de motor. Isso também pesa - e muito. Os mais de US$ 300 milhões de orçamento anual da Toyota explicam isso. Até a chegada da Red Bull, com duas equipes e grande investimento em marketing, só a Ferrari gastava tanto dinheiro. Na sede que a Toyota construiu exclusivamente para abrigar a equipe de Fórmula 1 em Colônia, na Alemanha, trabalham 600 pessoas. Dali saiu o novo TF 108 que é a mais nova esperança para o Mundial de 2008. O que se observa no novo modelo é uma tendência que até a Ferrari adotou, a de copiar o carro da McLaren do ano passado. Se a Ferrari copiou o conceito de carro mais curto, a Toyota copiou a asa dianteira. Razões para copiar o conceito do último carro da McLaren as duas rivais têm de sobra. Não fosse a punição pelo caso de espionagem que zerou os pontos da equipe inglesa no campeonato de construtores, ela teria conquistado o título de equipes. Agora, a McLaren traz em seu MP-4/23 um bico mais estreito e um carro mais longo. Nesses seis anos de Fórmula 1, a Toyota já teve gente muito boa na concepção de seus carros. Mas o único ano de bons resultados foi 2005, quando terminou em quarto no Mundial de Construtores com 88 pontos, à frente de Williams-BMW, Honda, Sauber e Red Bull. E poderia ter sido até melhor. No começo do ano, dois segundos lugares de Jarno Trulli na Malásia e Bahrein, mais um terceiro na Espanha, deram um susto na Ferrari e na McLaren. Ajudada pela constância também de Ralf Schumacher, ao final das cinco primeiras etapas a Toyota ocupava o segundo lugar no campeonato, só perdendo para a Renault de Fernando Alonso. Mas ficou por aí. As outras evoluíram e a Toyota ficou no mesmo nível em que tinha iniciado o campeonato. Depois das temporadas de 2002 (2 pontos), 2003 (16 pontos) e 2004 (9 pontos), os 88 pontos de 2005 pareciam ter trazido a Toyota para o lugar onde todos esperavam vê-la desde o anúncio do ingresso na F-1. Mas, depois daquela consistente melhora de 2005, a equipe caiu para 35 pontos em 2006 e, no mesmo ano, ainda viu a rival Honda chegar à primeira vitória. Mas o ano de 2007 foi ainda pior. A equipe ficou nos 13 pontos, enquanto a combalida Williams, equipada com motor Toyota, fazia 33. Se existe alguma compensação para o mau desempenho do último campeonato, é o fato de ter sido o pior ano da história da rival Honda, que marcou apenas 6 pontos. Ralf Schumacher, que nunca achei grande coisa, foi embora. Trulli fica e recebe como companheiro o alemão Timo Glock, campeão da GP2. Os tempos são outros, mas é preciso acreditar nos pilotos para se chegar a resultados. Se isso tivesse acontecido no passado, o piloto até hoje seria Cristiano da Matta, o melhor que passou por lá.

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