PUBLICIDADE

Publicidade

Ainda quero ver mais para crer

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Do jeito que está, a Fórmula 1 depois de três corridas disputadas, temos de comemorar a liderança de Felipe Massa. A Ferrari é competitiva, mas não tem um carro tão veloz quanto a Red Bull e, em duas dessas três corridas, a equipe enfrentou problemas mecânicos - com o próprio Massa no Bahrein e com Alonso na Malásia. A situação do campeonato, provavelmente, não estaria assim se o carro de Vettel não tivesse falhado em duas provas seguidas e se a McLaren não tivesse embarcado no mesmo erro de avaliação da Ferrari na primeira parte do treino de classificação do GP da Malásia. Em 2008, quando Massa chegou a liderar o campeonato por uma corrida, foi quebrado um jejum de 15 anos sem um brasileiro comandando a classificação (desde Senna em 1993). Portanto, é a segunda vez na carreira que ele alcança a liderança do Mundial. Só que desta vez é ainda mais difícil manter a posição por causa da nova pontuação. O equilíbrio no momento é tão grande que entre os sete primeiros colocados há uma diferença de apenas 9 pontos. Portanto, qualquer um desses sete que vier a vencer a próxima corrida pode assumir a ponta. Uma vitória agora vale 25 pontos, enquanto a diferença de 9 pontos entre o primeiro e o sétimo na classificação pode ser desfeita com apenas um 5.º lugar na corrida (hoje vale 10 pontos). Resumindo: a única forma garantida de Massa manter a liderança sem depender dos outros é vencer na China. Por esse aspecto, a nova pontuação está aprovada. Por outro lado, ela provoca uma injustiça histórica com grandes campeões que suaram para acumular pontos e suas marcas vão ser facilmente liquidadas com o tempo. Um exemplo disso é que Fernando Alonso já empatou com Ayrton Senna em 614 pontos na carreira. Tudo bem que Alonso tem menos corridas do que Senna (140 a 161) e, provavelmente, alcançaria os 614 pontos mesmo no sistema antigo. Mas demoraria mais para marcar os 37 pontos que somou em apenas duas provas (Bahrein e Australia). E olha que ele não marcou ponto na última. Barrichello, que tem 612 pontos e também vai superar a pontuação de Senna, foi o primeiro a mostrar essa injustiça histórica. O campeonato vai bem. Se continuar assim, melhor ainda. Está claro que McLaren e Mercedes evoluíram e já começam a incomodar Red Bull e Ferrari. O problema é que, se olharmos para as pistas das próximas etapas, apenas em Mônaco o carro da Red Bull pode ser enfrentado de igual para igual. Nas pistas da China, Espanha e Turquia, a tendência é o RB-6 disparar. O objetivo das rivais é correr contra isso. Do contrário, antes de atingirmos a metade do campeonato, o alemão Sebastian Vettel já será o líder a ser perseguido pelos outros candidatos ao título.Três primeiras corridas do ano com vitória de três equipes diferentes é algo que não ocorria desde 1990, quando Ayrton Senna (McLaren), Alain Prost (Ferrari) e Riccardo Patrese (Williams) foram os vencedores em Phoenix (EUA), Interlagos e Imola (San Marino). Neste ano as vencedoras são as mesmas Ferrari e McLaren, mais a Red Bull, que, definitivamente, alcançou seu lugar entre as grandes. Tudo bem que uma chuvinha fraca do início da corrida australiana e a chuva forte do treino que definiu o grid da Malásia ajudaram a embaralhar carro bom com carro ruim, e o resultado disso foi a realização de duas provas muito bem disputadas.Mais alguns GPs. Por isso, eu ainda preciso de mais alguns GP"s bem disputados para me convencer de que a F-1 encontrou, finalmente, o rumo certo. Que bom seria ver isso acontecer de novo na China. E, depois, na Espanha, em Mônaco, na Turquia. Aí eu vou acreditar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.