Antes do Rio-2016, os povos indígenas terão sua olimpíada

Palmas, capital do Tocantins, vai sediar em setembro a primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas, com etnias de 30 países

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Por Almir Leite
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Provas de natação realizadas no rio em vez de piscina; o atletismo disputado em pista de terra em vez de piso emborrachado; o equipamento do arco e flecha é rústico, tradicional. E o ponto alto da competição é a corrida de tora. Enquanto espera pelos Jogos do Rio, em 2016, o Brasil receberá, de 18 a 27 de setembro deste ano, uma olimpíada curiosa e interessante: os Jogos Mundiais Indígenas, que acontecerão na cidade de Palmas, capital do Tocantins. Será a primeira edição dos Jogos, que reunirão representantes de 30 países e cerca de 2.200 atletas. O Brasil terá 24 etnias na disputa. Por enquanto, estão asseguradas provas em 11 modalidades - tiro com arco e flecha, arremesso de lança, cabo de força, corrida de velocidade rústica (100 m), canoagem rústica tradicional, corrida de tora, lutas corporais, xikunahati (espécie de futebol em que o toque na bola só pode ser dado com a cabeça), futebol, atletismo e natação (travessia) -, mas o Congresso Técnico a ser realizado em abril ou maio poderá aumentar o número de categorias. O Brasil já realizou 12 edições dos Jogos dos Povos Indígenas e a última delas, em 2013 em Cuiabá, teve a participação de alguns representantes estrangeiros. Foi então que nasceu a ideia de fazer os Jogos Mundiais. Algumas cidades se candidataram a receber a competição e, das três finalistas (Belém, Marabá e Palmas) a capital do Tocantins foi escolhida.

A corrida de tora é uma das disputas mais aguardadasdos Jogos Indígenas Foto: Divulgação

 

 

A escolha ocorreu em agosto do ano passado e no momento existe um corre-corre para deixar a sede pronta para receber os jogos. Entre outras obras, está sendo construída uma área para esportes aquáticos (onde ocorrerão as provas de canoagem) que terá uma piscina olímpica como legado, o estádio Nilton Santos (para 12 mil pessoas) passa por um processo de recuperação e uma grande arena para o atletismo e outras modalidades está sendo erguida. "Para uma cidade jovem (completou 25 anos em 2014) e com 300 mil habitantes, é um megaevento'', disse o secretário extraordinário dos Jogos Indígenas, Hector Franco. A secretária foi criada especificamente para o evento, que tem a frase "em 2015, todos somos indígenas'' como slogan."Vila Olímpica'' Palmas calcula investir entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões para organizar os Jogos, com equipamentos para competições, obras de mobilidade e a construção da sua "vila olímpica'' (chamada de Aldeia Global). Erguida sob as águas do lado de Palmas, a vila terá 22 ocas, dispostas de forma circular. Lá ficarão as tribos brasileiras.

Oarco e flecha é disputadocom equipamentos que os índios usam no dia a dia Foto: Divulgação

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Também será dado destaque às exibições esportivas que caracterizem e identifiquem determinada etnia. O México, por exemplo, vai fazer demonstrações do jogo de pelota, que teve grande importância na cultura maia e que ainda é bastante praticado, numa versão moderna, pelas tribos do país. A programação dos Jogos Mundiais Indígenas ainda não está totalmente fechada, mas já é certo que a última prova será uma corrida de 10 quilômetros, que será composta por três pelotões: dos indígenas, dos não indígenas e um outro com populares que competirão fantasiados. O objetivo é que o encerramento dos Jogos seja marcado pela integração entre todos os povos.

 

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