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Aos 30 anos, Bolt sai de cena para virar lenda do esporte

Jamaicano se despede dos 100m com medalha de bronze no Mundial de Londres

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Aos 30 anos, Usain Bolt deixa as pistas do atletismo para entrar para a história como um dos maiores nomes do esporte de todos os tempos. De velocidade quase sobrenatural, soube fazer do seu dom o seu marketing – o raio, as caretas, suas interpretações. Como se fosse um ator, protagonizou uma década de feitos impensáveis, inimagináveis. Ganhou o mundo, mas não perdeu a essência de um garoto que cresceu na pequena cidade de Trelawny, na Jamaica.

O primeiro a perceber seu talento foi Pablo McNeil, ex-atleta olímpico. A história de Bolt com o atletismo começou ainda na escola primária, chamada Waldensia. Na época, a paixão pelo críquete falava mais alto. O estímulo para mudar de rumo veio aos 7 anos, a partir de uma aposta feita pelo reverendo Devere Nugent. Sempre atrás do colega Ricardo Geddes, Bolt ganharia um almoço de graça se pudesse vencê-lo. O incentivo deu resultado, e ele deliciou-se com a refeição. Foi essa a origem de uma filosofia que o multicampeão olímpico e mundial sustenta até hoje: uma vez que eu te supere, você nunca mais me derrotará.

Bolt é considerado um dos grandes nomes da história do atletismo Foto: Matthias Schrader/AP

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Na ocasião, ele ainda viu a possibilidade de ter retorno a partir do próprio esforço e aproveitar melhor a vida. Dessa forma, passou a investir mais energia no atletismo. Bolt cresceu e evoluiu fisicamente, mas ainda gosta de coisas que o remetem à sua infância – ele ainda come nuggets de frango e gosta de jogar videogame, manias que cultivou quando estudou no colégio William Knibb Memorial, onde estudou dos 12 aos 17 anos.

Foi lá que Bolt começou a se destacar (e a vencer) no atletismo. Ele se dedicava por horas nos treinos da equipe do colégio, que tinha uma grande competitividade no país. “Quando ele veio à William Knibb, fomos informados de que estava chegando alguém com um talento especial. Mas nós não tínhamos ideia de quão vasto o seu talento se tornaria. E nem o próprio Usain sabia”, disse ao Estado em 2016 Lorna Jackson, vice-diretora da escola. 

Sua primeira medalha veio em 2001, com 15 anos, uma prata nos 200 metros rasos em um torneio interescolar com o tempo de 22s04. A primeira aparição em um evento global foi no Mundial de Atletismo Juvenil, na Hungria, mas não foi tão bem. Continuou se desenvolvendo, passou a treinar com Glen Mills e entrou na era profissional. Sua primeira medalha em Mundiais surge em 2007, em Osaka, onde ficou com a prata nos 200 metros, perdendo o ouro para o norte-americano Tyson Gay, que estava no auge. 

Em 2008, Bolt passa a investir também nos 100 metros rasos e nos Jogos Olímpicos de Pequim assombrou o mundo ao conquistara medalha de ouro nas duas provas mais nobres do Atletismo. Um ano depois, no Mundial de Berlim-2009, nova tríplice coroa e recordes mundiais quebrados – 9s58 nos 100 metros e 19s19 nos 200 metros, além do ouro no revezamento 4 x 100 metros rasos. 

Na sequência, Bolt passa a acumular mais medalhas em etapas da Liga de Diamante e em patrocinadores. Em 2011, o momento de maior dúvida na carreira do velocista – no Mundial de Daegu, na Coreia do Sul, ele queima a largada da final dos 100 metros e deixa o planeta espantado. Mesmo assim, conquistou dois ouros (200m e 4 x 100), preparando o terreno para mais um tridente dourado nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

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E a sequência de três medalhas de ouro seguiu o rumo do jamaicano nos mundiais de Moscou-2013 e Pequim-2015, culminando com suas três vitórias nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano passado. Agora, na volta para o estádio Olímpico de Londres, ele ficou apenas com uma medalha de bronze nos 100 metros, sendo superado pelos norte-americanos Justin Gatlin e Christian Coleman. Como abriu mão da disputa dos 200 metros, resta apenas mais uma prova, o revezamento 4 x 100 do time jamaicano, para assistir ao fim da carreira do maior nome do atletismo mundial de todos os tempos.

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