Aos prantos, Honorato lamenta derrota

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Por Agencia Estado
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Carlos Honorato era a maior esperança de ouro do judô brasileiro. Fracassou. A promessa de dar à mulher, Solange, uma medalha não foi cumprida. E a derrota para o australiano Daniel Kelly, que tirou suas possibilidades de brigar pelo pódio, o fizeram desabar. Abalado, caiu no choro, sem constrangimento, e o rosto - de um lutador bravo, de 1,75m e 90 quilos - mudou de feição. Parecia uma criança triste, desolada por não ter recebido o ´brinquedinho´ que o pai anunciara. "Estou triste, a medalha seria para ela (Solange). Minha mulher está se sacrificando, cuidando sozinha da nossa filha (Gabriela) e eu não consegui", desabafou, decepcionado. "Passei o ano fora de casa, muito mais com o Henrique (Guimarães, judoca) do que com ela." Em 2002, relaxou, engordou e teve de mudar para meio-pesado. Não tinha condições de competir na categoria e Solange o incentivou a emagrecer. Ele entrou em forma, classificou-se para a Olimpíada e chegou a Atenas como favorito. O próprio Honorato se considerava grande candidato ao ouro. É por isso que o tombo foi ainda maior. Além de voltar para casa sem o presente da mulher, ainda deverá ter dificuldade para conservar o apoio dos patrocinadores. Atualmente, conta com três individuais e um coletivo - repassado pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ). "Não sei como vai ser a reação deles quando eu voltar para o Brasil", observou. "Mas não será por falta de patrocínio que vou parar de lutar." Embora complete 30 anos em novembro, Honorato diz que vai batalhar para ir a Pequim em busca do ouro. Em Sydney, em 2000, ganhou prestígio no País com a conquista da prata. Culpa da estrutura? - O judoca de São Paulo venceu seus dois primeiros duelos, contra Khaled Meddah, da Argélia, e Tsend-Ayush Ochirbat, da Mongólia. Depois, nas quartas-de-final, caiu diante do inglês Gordon Winston, bronze nas etapas de Moscou e Hamburgo do Circuito Europeu, e, na repescagem, foi derrotado pelo pouco conhecido Daniel Kelly, da Austrália. Abalado, mas conformado, culpou o fraco desempenho à falta de conhecimento dos adversários. "Eles me estudaram muito mais do que eu a eles", reconheceu. "Contra o australiano, eu poderia ter vencido, mas o inglês foi bem superior a mim", acrescentou. "É difícil enfrentar um atleta mais bem preparado do que você." Honorato declarou que faltam alternativas para que os brasileiros analisem seus rivais. "Agora só é que a Confederação está começando a comprar fitas dos campeonatos europeus", afirmou. "O ideal é ter alguém filmando no local, como muitos países fazem." Curiosamente, Honorato havia dito, antes de lutar, que não se importava tanto em estudar os oponentes. "Pelo menos tomei essa derrota como aprendizado." Como consolo, nos últimos dias de Vila Olímpica, poderá fazer o que mais gosta: comer no Mc´Donalds sem dor na consciência. Agora é tempo de descanso, reflexão, férias e família. Judô, só mais para a frente.

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