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Após início da Copa, orgulho e festa tomam conta de Itaquera

Só as estações de metrô e os pontos de ônibus lotados lembravam ontem que era dia de trabalho na zona leste de São Paulo 

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

As estações e pontos de ônibus lotados - sem falar no trânsito - não deixavam essa impressão durar. Mas o clima de feriado ainda persistia ontem em Itaquera, em um misto de tranquilidade em relação aos próximos jogos e alívio pelo fato de o bairro ter feito bonito na estreia da Copa do Mundo. As imediações da Estação Artur Alvim, por onde passaram os torcedores em direção à Arena Corinthians, ainda respirava futebol. Ontem, os telões fizeram os locais que exibiam jogos ficarem lotados - será um mês de muito lucro para o comércio da região.

Trabalhando no estádio em Itaquera, Claudinei e Tomás estão animados Foto: Daniel Teixeira/Estadão

"Estamos trabalhando no estádio, na limpeza. Estávamos ontem (anteontem) aqui. Viemos hoje para ajudar na limpeza. E vamos voltar o mês inteiro", contava o auxiliar Claudinei Rodrigues, de 23 anos, enquanto exibia a credencial de entrada no estádio e assistia à partida entre Espanha e Holanda.

O tema principal nas conversas era o dia anterior. "Eu estava exatamente aqui (um bar na Rua Doutor Campos Moura). Estava cheio de gringo, os croatas são muito loucos", contava o metalúrgico Tomás Souza, de 33 anos, morador do bairro - isso antes de emendar histórias com os "gringos".

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Quem estava longe dos turistas, dentro do bairro, também passou o dia relembrando a data histórica. "Ficamos perto da entrada dos convidados, então pude ver o Ronald (filho do ex-jogador Ronaldo). Estava com a namoradinha e a atual namorada do Ronaldo, que não lembro quem é. Ele desceu da van para falar com alguém e todo mundo gritou", contava a auxiliar administrativa Sheila Cristina Nobre, de 28 anos.

"Hoje, o pessoal estava leve, era bem clima de feriado mesmo. Todo mundo na rua, todo mundo falando alguma coisa. Eu consegui ouvir a arquibancada o jogo todo. Já tinha conseguido em um jogo do Corinthians. Foi muito legal", dizia Sheila, ainda maravilhada por causa da obra. "Quando estava construindo, durante uns três meses, faltava força todo dia durante uma hora, uma hora e pouco. Foi um transtorno. Mas valeu a pena", completa.

O estádio virou um ponto turístico local. À tarde, moradores ainda iam ao novo símbolo do bairro para fazer fotos. E havia gente que já usava o lugar como espaço fitness - eles aproveitavam as calçadas largas e alinhadas para correr.

Ainda perto do estádio, dois garotos faziam um plano para tentar assistir aos próximos jogos ao vivo. "Ontem, teve um menino que disse que, da janela dele, dava para ver parte do gramado", contava um deles. "Acho que, se a gente for no outro prédio, vai dar", dizia. "A gente vai conseguir ver os jogos do Corinthians quando tirarem a arquibancada", emendou o garoto, referindo-se à estrutura provisória instalada na arena para aumentar a capacidade do estádio.

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Anteontem, na Rua César Dias, um dos acessos ao estádio, moradores perceberam uma falha em um muro de um terreno vazio - ocupado por tubulações de transporte de gás. De lá, era possível chegar bem perto do estádio. Muita gente aproveitou a brecha, o que fez a Polícia Militar manter dois homens no lugar. O espaço foi concretado no fim da tarde de ontem. "Eu acordei e já tinham feito isso", disse o menino que planejava onde ver o jogo.

Limpeza. A eficiência das equipes de rescaldo também impressionou os moradores, que destacaram a limpeza das ruas e elogiaram a organização. Segundo eles, não ficou "nem um cavalete da CET fora do lugar" na manhã de hoje.

"Não teve muita bagunça. Quem fez mais sujeira foi o pessoal que ficou por aqui mesmo. Perto da estação, tinha muito copinho e latinha, mas amontoado. Hoje, quando desci para trabalhar, já tinham até recolhido os sacos. Tá mais limpo do que normalmente", disse o segurança particular Geraldo Alves, de 37 anos.

Ele, porém, estava um tanto crítico. "Se você parar para pensar, vai ver que a estação está muito mais lotada hoje, que todo mundo foi trabalhar, do que ontem, que era um dia de festa. Mas ainda quero ver como vai ser na semana que vem, que não vai ser feriado", contava o segurança.

Alves também destacou o aumento do efetivo policial e de agentes de trânsito. "Se fosse sempre assim...", disse, sem concluiu a frase.

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