Publicidade

Após nove anos na NBA, Varejão revela habilidade ofensiva

Pivô, cuja marca registrada sempre foi a raça para marcar e pegar rebotes, se reinventa como arma no ataque

PUBLICIDADE

Por Alessandro Lucchetti
Atualização:

SÃO PAULO - Na vasta cabeleira de Anderson Varejão ainda não se nota nenhum fio branco. Mas "O Selvagem", apelido que o capixaba ganhou em Cleveland, já não é mais um garoto. Aos 30 anos, vivencia sua nona temporada na NBA. A experiência acumulada rende frutos. O início é impressionante - registra médias de 15,9 pontos e de 13,7 rebotes ao longo dos sete primeiros jogos. Algumas apresentações estarrecem os espectadores - contra o Brooklyn Nets, na última terça-feira, anotou 35 pontos. Em sua estreia na temporada, apanhou 23 rebotes. O próprio Varejão admite que está assustado com os números. "Estou surpreso. Os números este ano estão completamente diferentes", confidencia, com modéstia, por telefone.O pivô diz que não fez nada especial antes do início da pré-temporada. Alguns jogadores recorrem a ex-atletas, como Hakeem Olajuwon, que ministram clínicas voltadas ao aperfeiçoamento de fundamentos. Como faz todos os anos, Anderson treinou com um ex-colega dos tempos do clube Saldanha da Gama, que hoje é personal trainer. "Nem posso fazer um trabalho muito pesado, caso contrário poderia me apresentar cansado".Sua energia e capacidade de "explodir" em quadra sensibilizam os torcedores, que não se cansam de elogiar sua capacidade de entrega e voluntarismo para marcar e apanhar rebotes. O Anderson grande marcador já havia aparecido em temporadas anteriores. Mas o novo Varejão oferece grande contribuição ofensiva. Quanto a esse aspecto, o cabeludo divide os méritos com o treinador Byron Scott. "Durante a pré-temporada, ele deixou um envelope na cadeira de cada atleta. No meu estava escrito para eu ser agressivo e arremessar mais. Agora tenho a bola nas minhas mãos para decidir um pouco mais, e estou aproveitando."A experiência acumulada já faz diferença, na opinião dele. "Quando eu era novo, não acreditava que experiência fazia diferença. Achava que basquete é basquete, e que tanto os jovens como os mais velhos precisavam se esforçar. Com luta, não importando a idade, qualquer um ficaria mais perto da vitória. Agora vejo que é verdade. A leitura do jogo melhora com o tempo. Sei economizar energia para utilizá-la nos momentos-chave."Anderson vive o auge da carreira e um senhor de 72 anos, Hélio Rubens, vibra ao ver seus jogos pela TV. O hoje técnico do Uberlândia lembra que o garoto chegou a Franca, aos 16 anos, para fazer companhia ao irmão Sandro, então pivô da equipe dos "sapateiros", como é conhecida no meio do basquete. Em 98, o garoto, magro e frágil, recebeu o apelido de "Sabiá". "O Sandro achou que Franca seria um bom lugar para o Anderson aprender. Ele sempre teve um espírito alegre, era educado e obediente. Foi um prazer lhe passar os fundamentos, e ele aprendeu bem rápido."Tão rápido que, em 2001, o irmão de Sandro já foi convocado, aos 19 anos, para defender a seleção brasileira nos Goodwill Games, os Jogos da Boa Vontade, em Brisbane, na Austrália.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.