30 de setembro de 2012 | 03h06
A fachada dá a volta em 360º no estádio e acabou sendo a grande sacada do projeto, que vem recebendo elogios de todos os cantos do mundo. "O resultado final casou muito bem com a ideia. Acho que o grande charme é realmente a paisagem na qual a arena está inserida. É proporcional com a cidade, sem agredir visualmente. Outro ponto principal é a funcionalidade do estádio, que é ultramoderno."
Eduardo explica que a opção por ter um estádio 80% novo se deu pelas limitações em reformar a estrutura antiga, que foi levantada em outras condições materiais e com cálculos estruturais que atualmente não se usam mais. Outro ponto importante foi melhorar a visibilidade do público, retirando a pista de atletismo. "Ela só tinha sido usada uma vez em competição oficial. Então a distância para o campo diminuiu de 47 metros para apenas 7,5 metros", afirma.
Para o arquiteto, antigamente os estádios podiam ser comparados a um "pires", com arquibancadas baixas e distância grande para o campo. Agora, o modelo usado é como uma "xícara", com arquibancada bem inclinada e público próximo da ação. Na concepção do novo Mané Garrincha, foi utilizada a mesma filosofia de projeto de Brasília ao longo do Eixo Monumental: as edificações têm pilares, terraço e depois o prédio no centro. "Isso leva a um conceito da arquitetura colonial, pois os bandeirantes faziam grandes varandas em volta da casa para se protegerem um pouco mais do sol."
Selo verde. Atualmente, 4 mil operários estão trabalhando na obra, em três turnos de atividade. Outro detalhe importante é que o gramado foi rebaixado em 4,8 metros em relação à sua altura original. Segundo Claudio Monteiro, secretário extraordinário da Copa 2014 em Brasília, o estádio está localizado no marco zero da capital, a um raio de três quilômetros dos setores hoteleiros, hospitalar, do centro de convenções e do Parque da Cidade. "Isso é singular porque aqui será possível realizarmos de fato uma Copa verde, feita a pé ou por meio das ciclovias. E não será necessário realizar desapropriações para nenhuma obra."
A questão da sustentabilidade ambiental foi encarada pelos envolvidos com grande seriedade, tanto que a obra inspirou um convite ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, para apresentar o projeto da Ecoarena no maior evento mundial sobre construções sustentáveis, em novembro, na Califórnia.
"Isso porque o estádio caminha para ser o primeiro na história a receber o certificado máximo de sustentabilidade. O selo Leed Platinum - entregue após a conclusão da obra - é reconhecido internacionalmente e garante que a construção é altamente sustentável. Hoje, nenhum estádio de futebol no mundo possui esse selo", explica Monteiro.
Muito se falou sobre o uso do Mané Garrincha após a Copa. Mas foram feitas pesquisas, que concluíram que apenas 25% das vezes a arena será usada para partidas de futebol. Nos outros momentos, diversas atividades estão sendo programadas e já existe até uma grade de eventos para os três anos subsequentes.
"O estádio terá uma licitação para que uma empresa especializada em entretenimento o administre e garanta esse calendário para a cidade. Cinco de grande porte já nos procuraram", revela Monteiro. "Vamos mostrar que Brasília é uma cidade linda, singular, não por ser capital, mas por ser um museu a céu aberto das obras de Oscar Niemeyer."
Mané Garrincha vai ficar pronto em dezembro e terá uma extensa agenda de shows e eventos após a Copa do Mundo no País
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