Assentos vazios constrangem organizadores dos Jogos de Londres

Um dos ministros pediu investigação urgente para identificar quem deixou de comparecer e por quê

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Por Reuters
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LONDRES - Os organizadores da Olimpíada procuraram no domingo contornar o vexame das imagens de TV mostrando arquibancadas semi-vazias em Londres, e um ministro pediu uma investigação urgente para identificar quem deixou de comparecer e por quê. Torcedores de toda a Grã-Bretanha que foram atraídos pela ofensiva publicitária dos Jogos e ficaram decepcionados com um sistema de sorteio complexo para os 8,8 milhões de ingressos se revoltaram com as imagens em alguns dos principais locais de competição, como Wimbledon, uma das atrações mais procuradas. Sebastian Coe, presidente da comitê organizador da Olimpíada de Londres (Locog, na sigla em inglês), que ameaçou nomear e constranger os patrocinadores que não usaram seus assentos, disse que os espectadores ausentes são sobretudo autoridades de federações esportivas internacionais, outras autoridades olímpicas, seus familiares e amigos. "Obviamente, não parece ser um questão de patrocínio no momento", disse Coe, depois que Jeremy Hunt, secretário de Estado para Cultura, Esporte, Olimpíada e Mídia, disse acreditar que as cadeiras vazias pertenciam a patrocinadores. Coe, ex-corredor e medalhista de ouro olímpico, disse que só oito por cento dos bilhetes disponibilizados foram para grandes empresas patrocinadoras como Visa e Coca-Cola, e que 75 por cento dos ingressos estão nas mãos do público. A prova de ciclismo de rua e eventos de remo estavam cheios no sábado, afirmou, acrescentando que outras competições, como basquete, ginástica, natação e tênis tiveram cadeiras vagas por terem sido abertas para autoridades como ele mesmo, em visitas curtas aos locais ou lutando com agendas cheias. "No momento há dezenas de milhares de pessoas dentro da família credenciada (de autoridades esportivas e convidados) tentando entender como serão seus dias", disse Coe. Ele afirmou que os organizadores dos Jogos estão tentando preencher os assentos vazios com uma estratégia que inclui convidar crianças locais e professores, vender mais ingressos, dá-los aos militares e promover melhoria aos detentores de ingressos. Ele disse ainda que o Locog vendeu 1.000 bilhetes no sábado e colocou soldados nos assentos na ginástica. Mas a revolta pública foi grande no domingo. "Como londrina com duas crianças desesperadas para participar, sentimo-nos excluídos, o que é especialmente irritante quando você vê todas aquelas cadeiras vazias", disse Sara Jourdan, uma professora de 42 anos. Colin Moynihan, presidente da Associação Olímpica Britânica, declarou em uma entrevista neste domingo que uma solução poderia ser uma regra de 30 minutos, segundo a qual os fãs poderiam ocupar os lugares vagos se os espectadores atrasassem ou não comparecessem. Mais cadeiras desocupadas foram vistas no domingo, segundo dia da Olimpíada. O sistema complexo e confuso de venda de ingressos pela Internet, que pareceu incapaz de lidar com a grande procura, deixou o público desconfiado.

 

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