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Atletas pedem mudança radical no esporte brasileiro

Cresce o movimento no futebol, basquete e vôlei em busca de uma nova legislação e gestão nas confederações, federações e clubes do Brasil

Por Alessandro Lucchetti e AMANDA ROMANELLO E PAULO FAVERO
Atualização:

SÃO PAULO - Ao mesmo tempo em que parte da sociedade levanta bandeiras de mudanças, os  atletas começam a se articular para modificar o panorama das modalidades e até da formação dos jogadores. No caso do futebol, um grupo tem conversado para propor sugestões e tentar implodir velhos alicerces. Os técnicos também criaram uma associação para brigar por melhores condições de trabalho e prometem fazer barulho.No vôlei e no basquete, associações de jogadores se impõem perante a clubes e confederações para salvaguardar direitos dos atletas.O momento propício para essas transformações levou o zagueiro Paulo André, do Corinthians, a procurar jogadores a fim de iniciar um debate sobre os problemas que o futebol enfrenta. “Tive a ideia em 2010 e, com a volta de grandes craques ao futebol brasileiro, passei a entrar em contato”, conta. Ele procurou Alex, Juan e D’Alessandro, do Inter, Juninho Pernambucano, do Vasco, Alecsandro, do Atlético-MG, e Alex e Lincoln, do Coritiba. “Todo mundo está cansado e em breve tomaremos uma atitude”.Aos poucos os jogadores estão se articulando para tentar mudar alguma coisa. O maior obstáculo é a falta de tempo para encontros, pois até em data Fifa tem rodada do Campeonato Brasileiro. As reivindicações ainda não são consensuais, mas o grupo tem noção de que muita coisa comporá um legado para as novas gerações porque todos que estão participando até agora são jogadores que estão mais para o fim da carreira do que para o começo. “Queremos mostrar que estamos unidos. O maior problema é que o meio que a gente vive é amedrontador. Eu posso me posicionar hoje, aí falho na partida e o time perde. Então vou ser criticado por isso e vão falar que eu perco tempo fazendo outras coisas”, explica Paulo André.Outras modalidades mostram maior avanço em termos de organização. Em março, o descontentamento de jogadores de vôlei com a saída de patrocinadores e o fim de clubes ganhou as redes sociais. Logo, a frase “Unidos por uma Superliga melhor” estava nos trending topics do Twitter. A mobilização já vinha de antes, com um grupo de discussão interno dos atletas, em que quase 300 deles (que atuam no Brasil e fora) trocavam ideias sobre o esporte.No mês seguinte, a Comissão de Atletas nasceu efetivamente, com seus líderes participando de reuniões – junto de clubes e técnicos – para definir mudanças na Superliga e a criação de novos torneios.“Essa atuação está maravilhosa, não poderia ser melhor. A CBV nos deu abertura e pudemos participar desse debate para uma Superliga melhor, com um calendário mais longo, mais atrativo, e a criação da Copa Brasil. Todas as decisões foram votadas, isso é democracia”, diz o central Gustavo Endres, do Canoas, um dos líderes da comissão. O grupo também intercedeu a favor dos jogadores do Volta Redonda, que tinham os salários atrasados.No mês passado, foi relançada a Associação de Atletas Profissionais de Basquetebol do Brasil (AAPB), presidida por Guilherme Giovannoni, que se reuniu com uma entidade argentina parecida para moldá-la. A AAPB já participa de reuniões da Liga Nacional de Basquete.

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