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Bem-vindo à festa, Imperador!

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Por Antero Greco e antero.greco@grupoestado.com.br
Atualização:

Adriano teve estréia sob medida no São Paulo. Vá lá que o adversário não era nenhum Milan, Juventus ou Roma. Não era sequer Napoli, Lazio ou Torino, rivais que enfrentou tantas vezes na Itália. Era apenas o Guaratinguetá, time que se sente feliz só pelo fato de participar do Campeonato Paulista. O Imperador não olhou para a qualidade dos súditos e apresentou seu cartão de visitas com os dois gols na vitória de ontem à noite. Uma apresentação que veio a calhar para um jogador em torno do qual havia enorme ponto de interrogação. A dúvida pode não se ter dissipado de vez - afinal, muita água ainda vai rolar e o teste principal virá com a disputa da Libertadores da América. De qualquer modo, Adriano deu uma prova de que pode marcar sua passagem quase relâmpago pelo Morumbi, para alegria de quem apostou em sua recuperação. Bem-vindo à festa do futebol brasileiro, Imperador! Comemore o belo retorno. Mas com moderação. QUERIDA LUSA Foi só um tira-gosto, mas a primeira rodada mostrou que o Campeonato Paulista pode se transformar em prato cheio - de surpresas, emoções e tensão. Esses ingredientes apareceram já no duelo entre Portuguesa e Santos, anteontem, no Morumbi. De um lado, a reanimada Lusa, de volta à elite e na condição de franco-atiradora. Do outro, um bicampeão estadual que largou sem empolgação. Havia no ar clima de pontapé inicial pra lá de interessante, e não deu outra: a turma do técnico Benazzi roubou os três primeiros pontos de Leão e seus rapazes, com os 2 a 0. Jogaço? Longe disso. Os dois times foram só medianos. E, como era de esperar em início de temporada, carecem de consistência, o Santos sobretudo. Como desconto para ambos, vale o lugar-comum: estão em formação. O que isso quer dizer? Quer dizer que não se pode nem endeusar o vencedor nem desenganar o perdedor. Se bem que não é o que pensam torcedores. A Lusa versão 2008 chamou atenção. Sem pretensão, teve mais harmonia do que o Santos e entrou com um time que pode fazer bela figura. No gol, trocou o ?artilheiro? Tiago, que se debandou para o Vasco, por um André Luiz seguro. Patrício, Bruno, Marco Aurélio e Osmar se comportaram bem diante de um ataque que não deu o ar da graça. Erick, Carlos Alberto, Dias e Preto souberam cadenciar o ritmo, quando necessário. Diogo e o veterano Christian se viraram bem na frente. Pena que Diogo tenha se machucado; é talentoso e logo baterá asas, destino inevitável de astros do Canindé. Ainda tem Zé Maria como ás na manga. O jogo foi feio, mas o resultado bonito para a Lusa. E o mais bacana nessa história é o astral que ficou lá para as bandas da zona da Norte da capital. A Portuguesa precisava de estréia com esse script. O simpático time criado pelos imigrantes portugueses andou tão cabisbaixo nos últimos anos que, em determinado momento, se temeu até seu desaparecimento. A ameaça terrível esteve perto de se tornar real um ano e meio atrás, quando havia o risco de cair para a Terceira Divisão nacional. A torcida já não é grande, a grana andava curta e as desgraças se acumulavam. Era um fardo pesado demais para carregar. Valeram-lhe suor, empenho e, quem sabe?, o olhar doce de Nossa Senhora de Fátima. A brava gente lusitana não baixou a guarda, honrou a história de um povo que no passado enfrentou sem medo mares nunca dantes navegados, juntou os cacos e remontou o time. (Isso parece uma epopéia. Daqui a pouco me flagro a declamar Os Lusíadas, terror das aulas de análise sintática do professor Trivinho no Liceu Coração de Jesus.) A Portuguesa renasceu - e essa é a grande novidade na largada do Paulistão.

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