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Berço de Arthur Zanetti, ouro nas argolas, está no ABC paulista

Ginasta é caso raro de atleta de alta performance formado quase só por iniciativas do poder público

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Por Valeria Zukeran
Atualização:

A medalha de ouro de Zanetti não é importante apenas pelo fato de ser a primeira da história da ginástica brasileira, mas por ser um caso raro de atleta de alta performance formado quase que exclusivamente a partir de iniciativas do poder público. A coordenadora da equipe de ginástica da Sociedade Esportiva, Recreativa e Cultural (Serc) Santa Maria, Maria Salete Meneguello, conta que o novo campeão olímpico chegou ao clube há 15 anos e foi totalmente formado no local, mantido com verbas da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul e de uma associação de pais que administra o dinheiro arrecadado mensalmente entre os 300 jovens e crianças que ali praticam ginástica artística. A mensalidade tem um valor quase simbólico: R$ 25. "O Arthur veio para fazer aula. Chegou aqui como qualquer criança", conta Salete. "Nós temos duas avaliações por ano, inclusive a próxima está marcada para o dia 22. Ele passou por uma e foi encaixado entre as crianças de sua faixa etária." Segundo a coordenadora, o ginasta participou do programa de iniciação esportiva com duas aulas por semana de uma hora e só depois seu talento começou a despontar. O ginasta Henrique Flores chegou ao clube na mesma época. Conta que o colega - rival em competições nacionais - sempre foi muito disciplinado. "Dava até raiva, sabe? Porque todas as competições que a gente participava, ele sempre era o primeiro e eu, o segundo colocado", conta com absoluta franqueza. Mas o sentimento, segundo ele, foi de alegria, quando viu o colega no pódio, e de um certo orgulho, pelo trabalho conjunto de muitos anos. "Fico pensando em momentos nos quais eu corrigi movimentos dele e ele os meus", diz com um sorriso. O mesmo sentimento de alegria contagiou Marcelo Rodrigues de Araújo, o ex-ginasta que é assistente do treinador de Zanetti, Marcos Goto. "Fiquei feliz como se eu mesmo tivesse ganhado essa medalha de ouro." Mesmo antes do ouro, os resultado de Zanetti já traziam progresso para o Santa Maria. Atualmente a arena de treinos da ginástica é simples, sem luxo, mas conta com aparelhos importados cedidos pela Confederação Brasileira de Ginástica para o atleta - exceção do cavalo com alças. Todos os jovens que treinam no local têm se beneficiado dos equipamentos. "Lembro do dia da chegada das novas argolas. Ele brincou dizendo que era só dele, mas depois ficou um bom tempo com as crianças que queriam usar o aparelho", diz Maria Salete, sorridente.

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