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Berlim enfim vê o grande duelo

O jamaicano Usain Bolt e o americano Tyson Gay fazem hoje confronto nos 100 m que não ocorreu em Pequim

Por BERLIM
Atualização:

De um lado, o tricampeão olímpico. Do outro, o tricampeão mundial. Não há encontro mais esperado desde o fim da Olimpíada de Pequim, em agosto passado, do que o duelo de forças nos 100 metros entre o jamaicano Usain Bolt e o americano Tyson Gay. A disputa encerra hoje, às 16h35 (de Brasília), o segundo dia de competições do Mundial de Atletismo, em Berlim. Bolt, que completará 23 anos durante o torneio, nunca escondeu sua modesta pretensão: tornar-se uma lenda. Mas, para isso, sabe que precisa repetir na Alemanha os ouros conquistados na China - nos 100 m, 200 m e revezamento 4 x 100 m, todos com recordes mundiais. Tem tanta certeza disso que admite: em primeiro lugar, está a vitória. Se, a reboque, vier um recorde, ótimo. "Não penso em marcas. Esse campeonato é muito importante para mim, já que não tenho nenhum título mundial em meu currículo." Há dois anos, em Osaka, Bolt era um garoto de 20 anos que já havia trilhado um caminho de sucesso nas categorias de base do atletismo. Em seu primeiro Mundial adulto, foi vice-campeão dos 200 m (prova em que era especialista) e do revezamento 4 x 100 m. Nas duas disputas - e também nos 100 m -, viu brilhar um americano também nascido em agosto, mas cinco anos antes: Tyson Gay. Com a ascensão de Bolt em 2008, culminando com a performance arrasadora em Pequim, Gay ficou em segundo plano. E sem possibilidade de reação. Na Olimpíada, o velocista americano ainda sofria com uma lesão na coxa, ocorrida pouco antes da competição. Não pôde duelar com Bolt. Por isso, o confronto entre os dois está atrasado em um ano. Tempo suficiente para deixar Gay com ainda mais vontade de se tornar, novamente, campeão. Pelo menos nos tempos obtidos este ano, já venceu o adversário. O americano é o dono das marcas mais rápidas dos 100 metros em 2009 - tem 9s77 contra 9s79 de Bolt - e também dos 200 metros - 19s58 ante 19s59 - no ranking mundial. "Não sou invencível. Mas quem é o mais rápido dos dois? Eu", disse o jamaicano, lembrando de seus recordes mundiais (9s69 e 19s30). "Como não nos enfrentamos na temporada, realmente estou ansioso para correr contra Gay. É difícil ignorá-lo, porque ele sempre me fez lembrar de que está muito rápido", comentou Bolt. "Estou preparado mentalmente para um combate", disse o velocista americano. "O recorde mundial dos 100 metros é o único número que tenho na minha cabeça. Posso alcançar os 9s60. Esse é o meu objetivo." Tyson Gay afirma que o campeão de Berlim entrará para a história como o melhor de todos os tempos. "Todos sabem que, no ano passado, o grande encontro não aconteceu." Ontem, os velocistas passaram pelas eliminatórias com facilidade. Gay, entretanto, conseguiu tempos melhores que Bolt. O contraste na personalidade de ambos é contrastante: o americano, muito sério, pouco sorri. Encerra sua participação sem festa e segue para os vestiários. O jamaicano, como se sabe, é um showman. E já protagonizou um dos momentos memoráveis do recém-iniciado Mundial. Nos metros finais da segunda eliminatória, trocou sorrisos com Daniel Bailey, de Antígua e Barbuda, que corria na raia ao lado. Ambos terminaram a disputa quase batendo papo, tamanha a descontração. PELO BRONZE, OS SUB-10 Bolt e Gay são dominantes na prova dos 100 metros e brigam pelo ouro. Mas ainda há vaga no último lugar do pódio e os principais candidatos ao bronze saem de um grupo restrito, formado pelos atletas que, neste ano, mostraram-se capazes de correr em menos de 10 segundos. O jamaicano Asafa Powell (9s88), ex-recordista mundial da prova, é o favorito. Nas eliminatórias, conseguiu o melhor tempo (9s95). Michael Rodgers (9s94), atual campeão nacional dos EUA, também desponta como candidato.

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