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Bernard deixa maiô novo de lado e perde ouro

Francês usa traje antigo e não chega perto do recorde mundial conquistado na quinta-feira

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Por Andrei Netto
Atualização:

Sem o maiô desenvolvido pela empresa Arena, o nadador Alain Bernard decepcionou na final dos 100 m livre do Campeonato Francês, em Montpellier. O tempo de 47s51, que lhe valeu o 2º lugar, foi bem pior que o de quinta-feira quando, nas semifinais, tornou-se o primeiro homem a baixar a marca dos 47s e cravou o recorde mundial. O resultado de ontem reforçou as suspeitas de "doping tecnológico". Bernard decidiu não usar o modelo XGlide, com o qual fez o tempo de 46s94, e não foi capaz de superar Frédérick Bousquet, que fez 47s15. Bernard alegou ter sofrido incidente no percurso. "Mergulhei e meus óculos se encheram de água. Não via nada. Tentei me manter concentrado, mas é muito perturbador", afirmou à TV Eurosport. "O segundo lugar, com 47s51, é bom, já que nadei de olhos fechados." O resultado reforçou as suspeitas de que os novos maiôs catapultam desempenhos. A questão não é recente, mas cresceu em fevereiro de 2008, quando a Speedo lançou o LZR Racer, traje com alto porcentual de poliuretano, material impermeável. Com a roupa, Bernard liquidou, em março, o recorde dos 100 m livre, no Campeonato Europeu. Finalizou a prova em 47s60, superando em 24 centésimos a marca que durava oito anos. Desde aquele dia, ele e o australiano Eamon Sullivan (que também usava o maiô) melhoraram quatro vezes o recorde. Nesta semana, uma nova geração de roupas foi apresentada. A Jaked, um fabricante italiano pouco conhecido, fez sucesso entre nadadores vendendo a 375 um modelo 100% poliuretano. O traje causou furor: dos 13 recordes franceses quebrados em Montpellier, nove foram batidos por atletas que o vestiam. Denis Auguain, treinador de Bernard, era um dos mais exaltados. "Estão desvirtuando a natação", afirmou ao L''Equipe. Na mesma semana, contudo, seu pupilo aderiu a um maiô semelhante. Após quebrar o recorde mundial, cuja homologação depende da aprovação dos trajes pela Federação Internacional de Natação, Bernard se defendeu: "Alguns nadadores foram campeões olímpicos e outros ainda quebraram recordes mundiais já homologados usando material parecido." A entidade já anunciou que proibirá os maiôs em poliuretano a partir de 2010. Até lá, porém, outros recordes devem ser pulverizados com a ajuda da tecnologia.

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