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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Bode expiatório

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Por Antero Greco
Atualização:

Técnico de futebol é chefe, há um grupo de pessoas sob comando dele e a todo momento tem contas a prestar aos patrões – os de fato (os cartolas, que lhe pagam) e os de direito (a torcida, cujo humor influi no seu destino). A pressão por bons resultados – no sentido literal – vem de várias frentes, e sabe que na maioria das vezes o fiasco da companhia lhe cairá sobre as costas; perde emprego com facilidade. Em algumas ocasiões, porém, transfere a bronca para subalterno, que faz o papel de bode expiatório e tem a cabeça oferecida como oferta.

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No Palmeiras que vai a campo nesta Quarta-feira de Cinzas, o sacrificado na largada da Quaresma é Leandro Almeida. O zagueiro estava na lista negra dos palestrinos desde o ano passado, integra a turma dos contratados que não tiveram aprovação popular e agora paga o pato pelo primeiro susto do time em 2016, o empate por 2 a 2 com o São Bento, no Pacaembu.

Leandro falhou no jogo, entregou um gol de bandeja, numa bobeira constrangedoras, mas que acontece. Dali em diante, não teve sossego e só ouviu vaias a descerem as arquibancadas. O futuro imediato foi selado minutos depois do apito final, na entrevista de Marcelo Oliveira. O treinador deu a entender que o tiraria da equipe, para período de reciclagem. Forma polida de explicar que o profissional ficaria de lado, na geladeira. Dito e feito. A partir desta noite, Leandro Almeida cede o lugar para Roger Carvalho, novo companheiro de zaga de Vítor Hugo.

Todos sabemos que gestor, em diversas ocasiões, se vê obrigado a tomar decisões pouco simpáticas – e afastar um jogador, por falha técnica, é medida drástica, equivale a rotulá-lo de incompetente. Na hipótese mais suave, indica incapacidade temporária. Em geral, o queima de vez com a massa.

Executivos manejam carreiras, têm poder de influir nos destinos das tropas. Por isso, deles esperam-se sensibilidade e equilíbrio. Uma decisão que tomam se compara a uma sentença definitiva. Está bem, no mundo ideal todos são infalíveis; no dia a dia da vida real, nem sempre tais quesitos prevalecem e a ausência deles leva a injustiças corporativas. O futebol não fica imune.

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Tomara Marcelo Oliveira tenha sopesado pós e contras da medida de colocar Leandro Almeida de lado. O moço não é o primeiro nem será o último a ver a condição de titular virar fumaça. E, vá lá, não se trata sequer de craque, talvez a direção tenha errado ao contratá-lo. Mas é profissional, homem (no sentido amplo), tem sentimentos – e merece consideração e respeito. Nem ele nem ninguém deve ser visto como número, cifra, mero scout técnico.

Noves fora a troca na defesa, Marcelo testa o meio-campo com Jean e Arouca, para melhorar a marcação e, ao mesmo tempo, liberar Dudu, Robinho e Gabriel Jesus para a armação. Dois volantes deram certo, no Brasileiro de 2015, até a contusão de Gabriel, que está prestes a voltar. A conferir.

Dia de classificação. O São Paulo não tem opção de meio-termo, hoje, contra o Cesar Vallejo. Não lhe servem mas, porém, contudo, todavia, entretanto. Ou se classifica para a fase de grupos da Libertadores ou amarga fiasco monumental e compromete a temporada. O empate por 1 a 1, na semana passada, revelou aspectos interessantes da nova versão tricolor, reflexos da visão de jogo de Edgardo Bauza. A preocupação com a defesa foi uma delas. Houve também intensa troca de passes, deslocamentos e finalizações. Falta regularidade, a ser alcançada com o tempo. Otimismo moderado cabe bem.

Foco errado. O pai de Neymar foi arrogante e grosseiro com jornalistas espanhóis, no final de semana (e machista com uma repórter), antes de embarcar para o carnaval no Rio. Neymar pai reclama de invasão de privacidade da imprensa, no que se engana. Quem vasculha a vida dele e a do filho são as autoridades tributárias da Espanha e do Brasil. Não é a imprensa que coloca em dúvida a correção dos negócios da família. Deve queixar-se em outros foros.

Torcida do Palmeiras se irrita com Leandro Almeida, e o técnico entrega a cabeça dele.

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