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Boxeadores batem pesado nos dirigentes

Esquiva e Adriana não veem nenhuma ajuda da confederação no Jogos de Londres. Lutador ainda reclama do COB

Por Tiago Rogero e RIO
Atualização:

Medalhistas olímpicos em Londres, os três boxeadores que entraram para a história do esporte no País - Adriana Araújo e os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão - voltaram a criticar ontem a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). Esquiva, que perdeu o ouro por apenas um ponto depois de uma punição aplicada pelo juiz, reclamou da demora do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em pedir a revisão do resultado da final olímpica dos médios (até 75 kg). A solicitação do COB à Associação Internacional de Boxe (Aiba) foi feita na última sexta-feira, seis dias após a luta. Na terça-feira, a Aiba recusou o pedido. "Eu já sentia que não daria certo porque o recurso do COB foi tarde demais. O COB e a CBBoxe poderiam ter pedido a revisão logo após a luta, mas deixaram para depois", disse o capixaba Esquiva, de 22 anos, que participou com Yamaguchi, de 24, e com a baiana Adriana, de 30, de evento da Petrobrás, no Rio, patrocinadora do boxe brasileiro. Perguntado por que não entrou com recurso logo após ao confronto, o presidente da CBBoxe, Mauro José da Silva, também presente ao evento, disse que nem sequer assistiu à luta - a mais importante da história do boxe brasileiro, que jamais havia chegado a uma final olímpica. "Não vi a luta por uma decisão minha. Qual o problema? Estou vivendo todas as 'primeiras vezes' do boxe brasileiro. Não tenho de explicar nada a ninguém, tenho três medalhas olímpicas na minha administração", afirmou o presidente da CBBoxe, cujas fontes principais de financiamento são os recursos públicos do COB, por meio da Lei Agnelo/Piva e o patrocínio da estatal Petrobrás. Adriana, bronze na categoria leve (até 60kg), voltou a afirmar que a confederação nada teve a ver com a sua conquista. "Estou batalhando há 12 anos. Você acha que em dois anos a confederação fez alguma coisa? Não me ajudou em nada, pelo contrário." Os Jogos de Londres foram os primeiros do boxe feminino. Esquiva engrossou o coro. "Apoio da confederação? Olha, é difícil falar. Não sei em que a confederação ajuda. Quem paga meu salário é a Petrobrás, o dos técnicos, o local onde treinamos", disse o lutador. Mauro Silva, presidente desde 2009, foi irônico ao responder qual a sua participação nas conquistas. "A confederação não fez nada. Eles ganharam sozinhos", disse. "Não teve equipe técnica, os técnicos não chegaram 6h30 todo dia para trabalhar. Eles simplesmente chegaram lá e ganharam. Você acha que um time chega na Olimpíada e ganha três medalhas sem que nada de bom tenha sido feito?" Profissional. Esquiva e Yamaguchi contaram ter recusado proposta de US$ 50 mil (cerca de R$ 100 mil) de Acelino Popó Freitas para migrarem para o boxe profissional. "Neste momento, é muito pouco. Ele disse: 'Na minha época, não tive isso'. E eu disse a ele: 'Popó, mas na sua época você não pegou medalha'", revelou Esquiva. Yamaguchi disse que migrar para o MMA é um sonho. "Mas tem de ser uma proposta muito boa para eu largar o boxe."

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